domingo, 25 de dezembro de 2011

Quando o coração deseja...


- Mamãe, está difícil esperar. Quando as coisas começarão a acontecer?
- Sobre o que você está falando, Sabrina?
- Sobre tudo o que eu quero. Tudo que eu quero que ocorra na minha vida, mamãe!
- Hm, mas você ainda é muito jovem, querida.
- Mas ainda assim eu posso desejar, não posso?
- É claro que pode meu anjo. Todos nós podemos desejar. 
- Eu terei tudo o que desejo? - perguntou a pequena menina com um sorriso no rosto
- As coisas não são tão simples assim. Você pode ter algumas coisas que desejar ter, mas nem sempre terá tudo. 
- Por que não posso ter tudo?
- Cada coisa vem a seu tempo, querida. Tudo tem o seu momento certo.
- Mas se eu não desejar pode ser que eu perca o momento certo, e aí eu não terei o que eu quero.
- É claro que você terá! Se for a hora certa e você estiver pronta, você terá!
- Mas e se mesmo assim meu desejo não se realizar? 
- Então é porque não era para ser. 
- Mamãe, é errado desejar amor? 
- É claro que não! Por que seria?
- Não sei, é que se eu desejo amor e ele não acontece é porque não era para ser, foi o que você me disse. Mas por que não é para ter mais amor no mundo e nos corações das pessoas?
- Sabrina, eu não quis dizer isso. O amor é e sempre será essencial! Nós devemos sim ter mais amor no coração, e você pode desejar isso com todas as forças, meu anjo! -respondeu a mãe, sem saber ao certo o que deveria falar.
- Que bom! Então eu vou desejar que exista mais amor em todos nós, para que só coisas boas aconteçam, mas eu vou desejar com o coração!

Um feliz Natal para todos, cheio de muita paz, amor e luz!
Lígia G. V.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A sua árvore ainda vive?



- Eu posso estar errada?
- Talvez sim. Mas sei que não está. É como eu disse a um amigo outro dia, enquanto a gente vive ignorando o  que precisa ter a nossa atenção, acabamos desviando completamente o nosso caminho!
- É como uma árvore que deixa de crescer. Não há o alimento certo para fazê-la retornar a vida e então ela estagna o processo.
- Isso mesmo, Valéria. Todos temos uma semente com boas intenções, podemos regá-la com o que for necessário para que ela cresça e fique forte, porém se a pessoa desejar outra coisa, um outro caminho, aquela semente não irá germinar, não irá crescer, não haverá um sentido para tê-la ali. Todos precisamos encontrar nosso caminho e a razão de estarmos onde estamos, assim esse vazio que você diz estar sentindo poderá ser preenchido!

Lígia Gosciola Vizeu
Luz e paz!

sábado, 3 de setembro de 2011

Entre as árvores do bosque
uma linda fada caminha.
Seus olhos violetas chamam a alma da criança
 que no mundo humano está.
Ela continua a andar
a procura da princesa Selene.
Aquela que tudo sabe e tudo vê.
Aquele que vive 
para governar para sempre o mundo da magia!

Lígia G.V.
Luz e paz! 


sábado, 20 de agosto de 2011

Enquanto o vento sussurrava,
ela andava descalça pelo jardim.
Seus olhos observavam o céu,
não procuravam um deus
nem uma deusa,
apenas olhavam e desfrutavam da paz e silêncio.
Porque por enquanto tudo era calmaria,
mas amanhã já poderia não ser.
Isso não importava,
porque ali dentro não haveria guerra
ou quem sabe discordância,
pois do seu ego nem sombra surgiria!

Lígia G.V.
Luz e paz!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Lowin já estava bem longe quando o céu anunciou a chegada da tempestade.
Raios vinham de todos os lados,
os animais corriam para se esconder do que se aproximava.
Selene observava a tudo do alto da torre,
seus olhos vidrados nas nuvens negras.
Tudo isso não era sinal de maldade,
pois ela era doce como uma rosa e
forte como um trovão,
mas sim sinal de sua força.
Aquilo era necessário para apagar as trevas que Lowin havia deixado ali.
Era necessário para finalmente enterrar o passado.
Ela poderia permanecer ali durante a tempestade toda, 
pois nada a atingiria,
nem uma gota de chuva, nem uma grande ventania,
pois Selene era a terra, fogo, água e ar,
Selene era agora a tempestade!
Mas decidiu entrar e se aquecer.
As nuvens envolveram a torre
tornando seu castelo belo mais mágico do que já  era.
E do alto, não se sabe de onde,
um lindo lírio branco foi jogado 
exatamente no lugar onde Selene estava antes,
e ali ele permaneceu intacto durante toda a tempestade.
E quando o sol surgiu radiante no céu,
o lindo lírio transformou-se em luz
e em seguida se dissipou no ar
da mais suave forma...

Lígia G.V.
Luz e paz!


domingo, 17 de julho de 2011

Lowin caminhou em direção ao portão,
seus passos silenciosos,
seus olhos em chama.
A tempestade estava bem próxima agora,
e era melhor ele chegar logo em casa ou morreria pelo caminho.
Mas ele parou, olhou para trás,
e falou com a voz rouca:
Selene, Selene, não sabe com o que brinca, não é mesmo?
Ela sorriu com os olhos,
"Foi você quem provocou tudo isso!
Eu sei muito bem o que faço, 
você é que parece perdido!"
E talvez Selene tivesse completa razão,
porque no fundo dos olhos cinzas de Lowin
era possível ver medo e coragem,
confiança e insegurança,
amor e ódio!
Toda a dualidade que ele sempre fora...

Lígia G.V.
Luz e paz!

sábado, 16 de julho de 2011

Lá estava ele, sentado no muro, segurando sua espada.
Seus olhos olhando o chão...
Selene caminhou em sua direção,
e resolveu não lutar com aquele que um dia tanto amara.
"Levante-se, Lowin, e olhe para mim!
Saia logo daqui, pois o que vem de meu céu não deve alegrá-lo.
Vá para o seu reino e não me procure para acertar o passado.
Você me esqueceu quando mais precisei de você,
as trevas se inclinavam diante de mim e
do outro lado a luz me guiava...
Fui forte o suficiente para conseguir me erguer!
Não me procure mais! 
Meus olhos já não brilham quando o vejo
e não clamam por seu olhar!
Eu não o desejo mais!
E quando arquitetar algo contra mim,
não se esqueça, querido Lowin, que eu sou a filha da Lua!"

Lígia G.V.
Luz e paz!



segunda-feira, 4 de julho de 2011

Continuou a cavalgar, agora um pouco depressa
Sabendo de tudo,
conhecendo todos.
O passado reinando,
ela era o que sempre fora,
mas que tinha permanecido dormente durante algum tempo.
E quando chegou aos portões do castelo,
e o sol brilhava, 
Selene recitou alguma coisa
e tudo ficou cinza. 
Cinza como os olhos dele...

Lígia G. V.
Luz e paz!

domingo, 26 de junho de 2011

Não havia o que fazer, pois se ela fugisse ele descobriria,
mas se ela fosse até ele de braços abertos as coisas piorariam.
Ela levantou as mãos para o céu
e com um movimento rápido fez com que as nuvens sumissem.
E olhando carinhosamente para a Lua cheia, 
esperou que as respostas chegassem até ela.
E não tardou muito
porque ela era finalmente Selene, a rainha da Lua!

Lígia G. V.
Luz  e paz!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O vento mudava de direção,
o céu anunciava uma forte tempestade.
Enquanto isso ela continuava a cavalgar em direção a seu castelo.
 A Lua brilhava lá em cima 
e a sua luz ainda era forte apesar de estar atrás das nuvens.
Seus olhos agora já não eram tão alegres.
Ela sabia que ele a estava esperando,
aquele que durante anos ela desejou nunca mais encontrar.

Lígia G. V.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

De longe ela avista o castelo e cavalga depressa.
 Sem saber quem a espera ela se alegra.
 Sem conhecer o mal, nem a escuridão,
ela jamais poderia desconfiar que as trevas entraram em sua casa
devido ao descuido de seus serviçais.
Aqueles que ela tratara tão bem e que tudo oferecera.
Até mesmo a bondade e a luz
e a única face de sua verdade.

Lígia G. V.

domingo, 22 de maio de 2011

Uma mentira, duas verdades...

   Havia cacos por todos os lados, talvez houvessem lágrimas também. Algumas coisas estavam inacabadas e era possível que permanecessem assim para sempre. Todos os copos de água estavam derramados e a água suja formava algumas poças que aos poucos tornavam-se incolor. 
   Eu não aprendi a mentir quando era criança, mas em um determinado momento da vida eu fui forçada a fazer isso. Por que? Para que? Não sei... não sei! Fique quieto, por favor! Eu estava enlouquecendo...eu escondia a verdade... a verdade que me era triste! A culpa não era minha, não era! 
   Tudo aconteceu quando fui viajar. O local era frio e o seu nome pouco importa. Eu adorava o frio, as paisagens ficavam ainda mais belas. Então, um dia fui fazer um passeio de barco. O lago era lindo, gelado... gelado. Uma menina fez questão de me acompanhar. Disse-me que ali acharia o que procurava. Ela era tão bela, tão jovem! Chamava-se Nina. Eu não sei como e nem quando ocorreu, lembro-me apenas de vê-la tombando e caindo no lago. Ela me chamava, gritava e se debatia. Eu não consegui, tentei puxá-la, mas por algum motivo não conseguia tirá-la da água.  Eu não pude salvá-la. Vê-la morrer no frio me perturbou.
    Uma investigação foi feita. Procuraram-me e eu contei tudo o que aconteceu, ou quase tudo. Eu menti sobre a parte em que não consegui salvá-la. Shiiu, fique quieto! A culpa era minha? Por que eu me sentia tão mal? O que me consumia era a loucura. Eu não tinha paz...
    Assim decidi contar a verdade. Contei tudo para a mãe da Nina. Ela compreendeu, apesar de que ainda estava muito triste. A culpa não era minha! Por algum motivo ela teve que morrer. E assim era pra ser. 
    A paz começa a surgir e a luz consegue me alcançar. A mentira nunca levou a nada. A verdade é bem melhor, e a liberdade que se tem com ela é melhor ainda. As flores já começaram a nascer, e o frio foi embora, tornando minha vida quente de algum modo. Finalmente os copos estão cheios de água pura!
      Lígia G. V.
      Luz e paz!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

  
  A lua surgia bela no céu quando eu comecei a delirar. Na verdade, acredito que não delirava, mas sim que eu experimentava as nuances da verdade. De uma forma ou de outra tudo parecia tão claro em minha mente que não havia como negar. Eu sabia o que aconteceria. Eu havia visto! E o que meus olhos não conseguiam ver, o vento fazia o favor de soprar em meus ouvidos. O tempo me mostrava que eu estava certa.
  Muitas coisas haviam sido reveladas. Assim como a sua presença em meu futuro presente. A cor de seus olhos, o som da sua voz. Mas não era isso o que mais me encantava, pois o modo como tudo parecia real me deixava inquieta. Não importava que rumo as coisas tomassem, você estaria ali, de qualquer maneira. E se por ventura você viesse um dia me perguntar como eu poderia ter tanta certeza disso, eu diria que eu havia visto você diversas noites seguidas. Eu faria com que você estivesse no lugar certo e na hora certa! E tudo o que eu vi, finalmente aconteceria! 
  Quando tudo desapareceu já não era possível ver a lua, pois do lado de fora uma grande e forte tempestade se formava...

  Lígia
  Luz e paz!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Às vezes a gente faz renascer o passado. Traz as cenas ao presente, revive tudo de novo. De vez em quando até repassamos as falas, e acrescentamos algo. Algo que não dissemos mas gostaríamos de ter dito. Iluminamos melhor o cenário. Mudamos algumas coisas de lugar. Fazemos tudo do nosso modo. Mas de que adianta tudo isso se o tempo não volta? De que adianta pensar nas lágrimas que não foram derramadas, nas palavras que não foram ditas, no abraço que não ocorreu? O passado não volta! Não volta...

Lígia G. V.
Luz e paz!

segunda-feira, 11 de abril de 2011


- Se eu te dissesse que vejo em seus olhos o quente e o frio mergulhados em eterna e frágil beleza, você acreditaria?
- Dizem que as pessoas enxergam nos olhos do outro o que há de mais belo. Se você diz que vê isso, então acredito! É certo que tenho em mim, por enquanto, apenas o outono!

Lígia

sábado, 9 de abril de 2011

- Por que anda tão rápido Alice?
- Tenho medo!
- Medo do que?
- Da sombra!
- Ora, não seja tola menina!
- Não, não! Você não entendeu. A sombra é tudo aquilo que deixei de ser. O que era hoje pela manhã já não sou mais. Na sombra meu passado está, e não quero que ele me alcance. Portanto, deixo a sombra onde está. Ela não deve me alcançar jamais!
- Mas não há como a sombra te alcançar agora, querida!
- Tem razão. Mas ela pode me pegar quando os momentos mais tristes chegarem. Quando nossas portas estão abertas.
- Por isso tenta ser sempre feliz?
- Marina, eu apenas sorrio, isso não quer dizer que sou sempre feliz!
- Isso não faz sentido, Alice!
- Muitas das coisas que fazemos nesse mundo da terceira dimensão não têm sentido algum!

Lígia G. V.
Luz e paz

quarta-feira, 30 de março de 2011

Do universo

Da terra, do mar,
do fogo, do ar,
do medo, da cura,
do infinito e da procura.

Da chuva que vem,
do mal que se tem,
do sol distante que brilha,
e da estrada em que se caminha.

Do sorriso infinito
e do olhar bonito.
Do corpo esbelto 
e do garoto esperto.

Da tempestade que vem
e lava seu rosto.
Do sol que o seca
e brilha em seus olhos
intactos, perfeitos,
finitos no infinito do tempo.
Perdidos, incertos,
na imensidão do universo!


Lígia G. V.
Luz e paz!

segunda-feira, 28 de março de 2011

Para quê se encher assim de plumas e paetês?
Para quê trocar de máscara a cada nova hora?

De onde vem esse seu medo inexplicável?
Sua voz sem som... seus lábios sem cor...

Por que dorme nas horas mais sombrias
e durante o dia se esconde nas sombras?

Por que não ouve os pássaros e 
nega a sua felicidade?

Por que chora escondida
e esconde seus olhos sinceros?

Para quê mais fama do que o necessário?
Para quê fugir do que não se pode?

Por que insiste em morrer assim tão jovem?
Por quê?


Lígia G. V.

sábado, 19 de março de 2011

         Permanecia quieta, sozinha na sala vazia marcada pelas frias lembranças.Olhava as paredes, agora velhas. Um dia tinham abrigado muita gente. Mas isso já não importava. Nada do que havia passado realmente importava. As pessoas estavam envelhecendo. Os sorrisos eram marcados pela passagem do tempo. Os olhares refletiam uma alegria e uma tristeza. A efemeridade cercava tudo e todos!
        Lembrou que ela não seria sempre lembrada por seus amados. Ela, um dia, os esqueceria também. Mas talvez, em outra vida, pudesse senti-los vivos em seu coração. Uma chama se acenderia e um vazio percorreria seu leve e pesado corpo humano.
       Recordou-se também que o que importava era o presente e que não era necessário sofrer pelo seu passado e seu futuro. Mas mesmo assim a gélida solidão ao seu redor a aterrorizou. Os gostos já não tinham sabor.
       Viu os acontecimentos preencherem a sala, o eco das falas inundando-a! Ela titubeou, estou velha, pensou. Sentiu a paz percorrer seu corpo. Flores do campo fizeram da sala um lindo jardim perfumado. Sorriu, enfim. A tristeza abandonava-a e ela sentiu que flutuava. Por fim seu corpo tombou. 
       O universo já havia pedido muito a ela e agora poderia descansar na estrela mais brilhante e estaria finalmente em seu lar!

                                                                                                                                                  Lígia G. V.

terça-feira, 15 de março de 2011

Cansei-me das vozes! De todas por completo! Cansei até mesmo da minha! Odiei tantas vezes as falas falsas, vindas de pessoas sem nenhuma moral. Mas agora, canso-me também das falas sábias. Canso-me do mundo cansado que se cansa mais a cada novo nascer do sol. Entristeço-me com os rostos marcados pela tristeza de uma vida perdida, estraçalhada pelo ciclo natural. Alegro-me com os sorrisos sinceros que ajudam as almas despedaçadas a seguirem um novo caminho, às vezes belo por inteiro. Fico enraivecida em ver que o ser humano pensa no próximo apenas nos momentos de caos e morte. O certo, talvez, seja permanecer, agora, em silêncio. Já que as falas parecem-me cada vez mais distantes... distantes do que realmente importa!

Lígia G. V.
Luz e paz!


quinta-feira, 10 de março de 2011

Ainda que toda a maldade paire sobre o ar, e todas as falas falsas venham até mim, eu continuarei a acreditar na bondade. A escuridão reina apenas onde o ser humano a aceita e a acolhe!

Lígia
Luz e paz!

sábado, 5 de março de 2011

      
                   As imagens estavam embaçadas devido as lágrimas que se formavam em meus olhos. Não deixe elas caírem, não deixe. Respirei fundo e deixei que os pensamentos fossem embora. Não adiantava tê-los como companhia, eles traziam tristeza a minha tarde. Faziam com que a tempestade do lado de fora parecesse pequenina comparada com a que se passava dentro de mim, o que era impossível. 
         Pensei duas vezes sobre o que acontecia no meu dia-a-dia. Nada fazia muito sentido. A rotina me sufoca, me atormenta. Percebi que a cada novo dia, tentava mudá-la, e que às vezes, não tinha sucesso algum. A minha rotina, tornara-se então, tentar mudar a rotina?
        Lembrei dos dias passados e ensolarados e de como eles pareciam felizes. Depois me recordei dos dias cinzentos e chuvosos, e percebi que eles também haviam sido felizes. Nas telas coloridas, identifiquei pequenos pingos pretos espalhados. Era uma espécie de equilíbrio. Um equilíbrio que eu fazia questão de ter. Eu queria que fosse daquele jeito. Eu queria que houvesse sofrimento, assim como havia felicidade. Eu trazia a tristeza para a minha vida, eu, e somente eu, fazia com que a mágoa viesse lentamente em minha direção. Não precisava  disso, mas mesmo assim o abrigava. Era a rotina. A comodidade. Tudo instalado em mim, impregnado. Desfaça-se disso!
           Não parecia ser fácil largar tudo aquilo. Há quanto tempo a sociedade vivia em torno de tudo isso? Mude, mude! Mas se eu desejasse, eu conseguiria sair do ciclo. E eu desejava e estava disposta a fazer o necessário. As lágrimas sumiram aos poucos. Minha visão voltou ao normal. Meus medos estavam quietos. Meu animo estava a mil. Os acontecimentos permaneciam em silêncio, ainda instalados em mim. Renove! As coisas mudariam, eu daria um jeito de mudá-las. Nem que para isso eu tivesse que matar e enterrar a rotina. Maldita, maldita! Nunca fora amigável!


         Lígia G. V.
         Abraço!

quarta-feira, 2 de março de 2011

       O frio me envolvia, me enlouquecia, me desanimava. Enquanto o calor alegrava alguns rostos disformes. Durante muito tempo pensei no motivo pelo qual eu rejeitava certas coisas. Não as amava? Ou desejava simplesmente ignorá-las? Tanto faz. Isso em nada muda o caminho das coisas. Vi, algumas vezes, as cenas se tornarem realidade, e a realidade em alegria ou tristeza. Um passo, um caminho. Duas escolhas, talvez.
       Porém, numa tarde calma, a chuva me envolveu e o frio me perseguiu. Meus pensamentos não resultavam em nada. Meus olhos eram janelas. Gritei em silêncio, e como de costume ninguém ouviu. Algumas peças se encaixaram e as coisas fizeram mais sentido. Um sorriso, uma lágrima!
       Não adiantaria nada deixar o calor me envolver, o frio me devorava. Perseguia-me há dias e eu lutava contra ele, sem sucesso. Percebi que seria melhor deixá-lo em paz, fazer com que ele caísse na poeira e fosse acalmado. Foi aí, então, que o calor me alcançou. Minha mente iluminou-se e eu pude entender o que acontecia. Jogos da mente? Não sei, não sei. Talvez apenas quisesse que as coisas fossem felizes sempre. Mas isso não seria possível, não por enquanto. A tristeza não precisava ser algo ruim, podia haver felicidade nela, mesmo que para muitos fosse difícil enxergá-la ali.
       Assim se sucederam os acontecimentos. Um ciclo sem fim, aparentemente. Um jogo ganho, outro perdido. A paz, o horror. A tristeza, a felicidade. O choro e o riso. O vazio. O efêmero. Uma vida, uma morte!

        Lígia G. V.
        Luz e paz!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

        Que triste é a vida vivida em silêncio. Não o silêncio amigo, que faz desabrochar a paz nos seres, mas aquele causado pelo medo e a opressão. Que chatas são as regras sem sentido, feitas apenas para criar súditos. E a sociedade que anda calada e aceita tudo em um piscar de olhos.
        Triste é a manhã sem cor e sem vida. O dia sem alma... a noite sem lua! O passo sem força, o grito sem som! Que tristeza dava ver que as coisas aconteciam sempre da mesma maneira! Ah, mas que felicidade brotou quando finalmente as coisas começaram a mudar. Nunca é tarde para abrir os olhos!

        Gente, me desculpem pela minha ausência. O tempo tem passado rápido demais e tenho tido muitas coisas para fazer!
         Abraço a todos!
         Lígia.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Noite de inverno

      Era frio, a menina era atrevida, vestia um vestido curto de verão. Seu cabelo estava trançado e uma fita vermelha estava amarrada nos fios ruivos. Ela balançava os pés e ouvia com atenção a melodia que era levada aos seus ouvidos. Brincava de criar. Criava imagens na mente, muitas sem sentido. No meio de todas elas algumas eram reais. Imagens de um passado. Um passado feliz, às vezes triste. Eram coisas que não interessavam mais. Já estavam todas empoeiradas, apesar de serem retiradas do armário quase todos os dias. Ela não tirava a poeira. Deixava-a lá para que lembrasse que não havia motivos para resgatar acontecimentos remotos. Era sábia. Mas mesmo assim ainda tinha as memórias impregnadas na alma. Elas traziam segurança. Não queria esquecer seus pais, seus amigos...
      A questão era que abandonar o passado não significava esquecer tudo. Teria todas as lembranças, mas não lutaria para que elas voltassem, e não tentaria mudá-las. Estariam ali, mas estariam quietas. Aceitas. O primeiro passo sempre era a negação, a aceitação vinha em seguida. O problema é que tinha gente que demorava uma vida inteira para aceitar e então era tarde demais.
     Corajosa e um pouco relutante, a menina desatou o nó da fita. Enrolou-a nos dedos, e estes se mancharam de pó. Sorrindo profundamente ela jogou a fita no ar e essa dançou com o vento. Pôde ver uma luz vermelha ao longe. Suas lembranças sendo espalhadas, algumas pareciam chorar. Estava livre. Feliz. Finalmente havia se encontrado!
     Lígia G. V.
     Luz e paz!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Corra! Corra criança
que já não há mais tempo,
já não há mais vento...
Calce os sapatos,
pegue as flores,
esqueça o passado...
Deixe o retrato,
abandone o tato!
Cubra-se de paixão
e de muita compaixão,
porque os tempos são outros...
Pegue a felicidade,
deixe a maldade,
abandone de vez a superficialidade!
Não chore, não!
Porque as coisas são belas
e as mazelas
já estão por fim!
Não tenha medo de arriscar,
muito menos de buscar!
As coisas ficam claras
quando tudo começa a se encaixar!
Acorde, criança!
O tempo acabou!
Eu avisei há muito tempo,
e ninguém ouviu...
Mas se ainda quiser,
encontre o caminho da verdade,
e siga a paz!
Não esqueça a luz!
Não tenha medo, criança!

Lígia G.V.
Luz e paz, sempre!

sábado, 5 de fevereiro de 2011

     A última noite foi triste. O tempo passou rapidamente, o planeta deu um giro e as estrelas sumiram de meus olhos. Sinto muito. As coisas foram esquecidas, memórias foram perdidas, por enquanto. Você se foi, assim como eu fui. Não podemos ter tudo sempre. Me perdoe. Mas você faz parte de mim, assim como todos. Sempre fomos um só. Então fico feliz que exista beleza em você. Fico feliz por ver que você está bem. Eu te amo. Dê-me a mão para que possamos descansar em paz, em um lugar belo. E fechar os olhos e saborear os sons. Abriu-me os olhos de alguma forma, em um momento em que eu nem percebi.Levou-me a lugares lindos, ensinou-me grandes coisas. Sou grata. Para sempre!

Obs: esse texto não se refere a romances.
Lígia G. V.
Paz infinita, queridos!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

      Cresce... Cresce tanto que alguns não conseguem ver. Muda seus olhos, aumenta o sorriso. Descobre de forma doce a paz que pode existir. Investiga a miséria, deseja o bem. Não há necessidade de grandes coisas.  Renasce de forma bela e sutil. Floresce... Ao canto uma mulher observa a tudo. Quieta e enigmática. Sorri e admira. Também floresceu? Cresceu?  Todos crescemos se quisermos. Gosta daquele olhar. Se conhecem, mas não se recordam muito. Uma conexão grande, aparentemente sem sentido. Mas muito significativa! Têm a luz de forma muito bela e a cultivam da melhor maneira. E a espalham para quem quiser tê-la, basta um pequeno esforço. 

    Luz e paz!
    Lígia.    
Tudo parece tão amargo lá fora, que aqui dentro as coisas parecem mais doces do que o comum. Talvez um pouco azedas...

Lígia.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Os olhos são tristes, as falas são falsas...
Passos vagos, dores suaves.
Corações manchados pela falta de esperança.
Abraços fortes, sorrisos grandes.
Manhãs frias e vazias.
Superficialidade e materialidade,
amor existente, camuflado permanente!
Aceitação, negação... negação!
Errados, certos, perdidos e incertos
ensino ilógico... luta sem tom!
Seu olhar perdido,
jamais será visto novamente,
nem nas manhãs geladas,
nem nas passadas, alegres e vivas...


Lígia G.V.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Para Rodrigo

       "Rodrigo, não estou com medo, e nem ficarei. Sim, eu sabia que eu escutaria o que não desejava. Nem por isso entristeci-me por completo. Estou mesmo contente que você venha para cá. Realmente temos muito o que conversar.
        Sonhei com você outro dia. Você me dizia que eu deveria ouvir o vento, que ele sempre traria respostas. Apenas por isso fui escutá-lo. Mesmo que eu queira, mesmo que tudo em mim queira que eu me conecte com certas coisas, estou tentando me afastar, só por enquanto. Ando meio confusa sabe. Principalmente depois do que eu ouvi. Mas nós dois sabemos que eu não conseguirei permanecer longe de certas coisas por muito tempo. Está em mim, sempre esteve desde pequena. Lembra quando eu tinha cinco anos e dizia coisas que ninguém compreendia? Era comum isso acontecer, mas se perdeu no tempo, como muitas outras coisas.
         Tenho que admitir que agora que estou escrevendo para você, uma tristeza muita grande tomou conta de mim! Por que isso? Por que assim? Há chances das coisas acontecerem de outra forma? Creio que sim, não é? Espero que sim...
         Sei que trará seu primo junto com você. Isso é bom, assim nos distrairemos.
         Rodrigo, acredita em unicórnios? Anita disse que não existem, mas algo dentro de mim diz o contrário. Não sei porque, mas isso tem me perturbado já faz alguns dias. Devo esquecer?
         Esperarei por vocês,
         Laura."
         Lígia G. V.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Para Laura

         "Eu sei que você sabe que eu mandaria esta carta. Sinto muito pelo o que teve que ouvir. Mas você estava ciente disso, certo? Fatos são fatos. Mas talvez você possa mudá-los. Mas lembre-se sempre, meu anjo, que não há motivo para sofrer por antecipação. As coisas são como devem ser.
        Como você já sabe, eu estarei aí em breve. Poderemos colocar o papo em dia. Estava com uns problemas de saúde, mas já estou melhor.
        Lembre-se, você é mais forte que tudo que te impede. É mais forte do que destinos inexistentes. Você nunca precisou de doses reais para viver. A vida não precisa ser vivida apenas pelo real. Assim como você não deve viver apenas da fantasia. Mas eu sei que você achou um equilíbrio, e sei também que para você todas as coisas existem.
        Fique bem, minha pequena. Logo estarei com você.
        Um grande beijo,
        Rodrigo."

        Lígia G. V.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O que o vento diz?

      "Laura, Laura, pode me ouvir? Veja como as estrelas estão brilhantes hoje. Ouça o vento... ouça o vento - a voz do rapaz ecoava no grande campo repleto de vaga-lumes. - Eu sempre disse que o vento traria respostas, ou quem sabe notícias. - ele ria. Suas palavras não faziam sentido. - Veja, lá no fundo! O que é aquilo? Um unicórnio? Sim. Um lindo unicórnio!"

       - Acorde Laura! É só um sonho - disse Anita assustada.
       A menina tinha o braço erguido e apontava para os campos verdes que eram vistos pela janela aberta.   Para o que ela apontava?
     - Abaixe esse braço, vamos! Não me assuste menina. Tenho muitas coisas para fazer e você já é grande. Terei sempre que cuidar de você?
     - Não, Anita! Você tem razão. Mas desculpe, eu não tenho culpa dos sonhos que tenho.
     - Tudo bem, vamos deixar isso para lá. Estarei lá fora, se precisar.
    A empregada saiu do quarto, abandonando Laura. A jovem permanecia em silêncio, que era um tanto angustiante. Ela olhava para fora. Olhava os belos campos, que misturavam o verde vivo com o azul intenso  do céu. Pensava no sonho. Por que sonhara com Rodrigo? E por que ele parecia estranho? "Ora, não passa de um sonho", a menina pensou. Mas no fundo ela sabia que não era apenas isso.
    Era um belo dia, o sol era forte e queimava a pele branca de Laura, que agora estava no meio dos campos de trigo, examinando o ambiente. "Onde está o unicórnio? Onde está?" Ela não o encontraria. Unicórnios eram animais mágicos, e esta história não contém tanta magia assim. Mas aos olhos de quem a vê, talvez, ela seja mais poderosa do que para quem a conta.
    "Ouça o vento... ouça o vento" - a voz de Rodrigo surgiu na mente de Laura novamente. O vento falava para aqueles que estavam dispostas a escutá-lo. E era difícil que Laura não quisesse.
     Os trigos se agitaram por um breve instante. O cabelo da jovem tocou seu rosto. "Devo-lhe escutar, meu querido?" Ventou novamente. A partir daí o vento foi tamanho que fizera Laura temer. "Realmente ele tem voz."
      Isso não era nada excepcional. Desde tempos muito distantes a natureza "falava". E isso era mais uma questão de paixão. Havia algo nos corações e almas de muitas pessoas que se conectava a todo instante com a natureza. Algo que era antigo, talvez mais antigo do que mentes humanas pudessem imaginar. Havia uma conexão muito grande entre todos e tudo, e só quem quisesse viver uma mentira não seria capaz de observar isso.
      Os trigos continuavam a balançar, e Laura estava de olhos fechados. Coisas eram sussurradas em seus ouvidos. Às vezes ela sorria, mas a maior parte do tempo permaneceu séria. Ela não ouvia apenas o que desejava. Assim como quem via, não via apenas o agradável. A menina abriu os olhos e fitou o céu. Dois grandes pássaros sobrevoavam o local.
      "Devo sair daqui. Trago notícias. Notícias de terras distantes. De pessoas que nem ao menos conheço. Mas eu desejei escutá-lo, agora devo aceitar. Não posso ouvir apenas o que me faz bem. A verdade sempre me foi dita, e não posso começar a me enganar agora."
       Laura caminhou rapidamente até sua casa. Avistou de longe, uma mulher andando ansiosamente, de um lado para o outro. Era Anita. Era cuidadosa com Laura, principalmente porque prometera para os pais da menina, que tomaria conta dela pelo resto de sua vida. Talvez fosse tempo demais...
     - Laura, está louca? Já não basta de manhã, quando achei que a senhorita estava enlouquecendo! - disse severamente. - Agora você simplesmente some! Quer me matar do coração? - ela olhou diretamente para os olhos da jovem.
     - Pensei que você tivesse me visto saindo. Sinto muito, novamente. - ela riu - Estou cansada. Vou entrar e descansar.
     - Ei, ei, mocinha! Não vai me contar onde estava?
     - Estava ali - Laura apontou para os campos de trigo, que ficavam ao lado dos campos verdes que apontara logo que acordara.
      - Ora! O que foi fazer ali? Ver se encontrava algo? Afinal, para o que apontava quando te acordei?
      Laura gelou por um instante. Se contasse a ela, com toda certeza ela não gostaria. Anita tinha medo de tais coisas, de unicórnios talvez tivesse mais ainda. Mesmo assim falou.
    - Sonhei com um unicórnio. Era ele que eu apontava.
    - Unicórnios? Não existem, querida! Você deveria estar com medo, e devia ficar dentro de casa. Ao invés disso, sai por aí, caçando!
    - Anita, não cacei nada. Unicórnios são criaturas boas, não fazem mal. E se não existem, por que está tão preocupada? - a jovem riu - Ora, vamos para dentro!
       As duas entraram. Uma extremamente preocupada e assustada com o que a outra dissera. A outra, porém, estava alegre. Amava coisas desconhecidas. Adorava a natureza. Conhecia um pouco da magia, e não gostava do que escutara. Agora ela sabia que seu jovem amigo já havia enviado uma carta. Talvez soubesse também, o conteúdo dela. Não importava. Ouvir o vento não era para muitos. Era preciso confiança e coragem, e isso Laura tinha de sobra. Os acontecimentos seguintes seriam mágicos, puros e belos. Quem sabe tivessem um pingo de tristeza também. A vida nunca foi feita apenas de magia e fantasia.


Lígia G. V.
Luz e paz!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

      Suas palavras fétidas mal podem ser entendidas. Seus olhos vermelhos me entristecem e me fazem lembrar de um tempo remoto. Seu passado está inteiro sob poeira e terra. Mesmo assim é capaz de desenterrá-lo. Ah, parece tão pobre agora. Sem bens, sem vida, sem ar. O cheiro de bebida me enlouquece. Perdeu-se tão rapidamente... parece impossível trazê-lo de volta!
     - Acorde Roberto, acorde!
     Dá dois passos e cai na cama, seus olhos agora transbordando em lágrimas.
     - Veja Maria, veja o que meus problemas fizeram comigo!
     - Seus problemas não têm culpa. Você conhece muito bem o culpado, Roberto!
     Pega a taça de vinho. Dá dois grandes goles e a taça cai no chão. O vinho faz todo o trajeto pelo seu corpo cansado. Seu coração pulsa fraco. Segura o cigarro e dá uma tragada. A fumaça sai em forma de morte. O vinho bebido faz o trajeto de volta e chega a sua boca novamente e este transborda e pinga no lençol neve. A bebida se mistura com o sangue. Eu grito.
      Nossos corações param de bater...

      Lígia G. V.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

De volta ao passado

         Laura tinha mania de mandar cartas. Começou a mandá-las quando era muito pequenina. Amélia, sua mãe, dera a ela um lindo papel de carta. A menina passou horas grudada nele, não o largava de jeito algum. As pessoas olhavam e diziam "que bonitinha, tão jovem e já apaixonada pela escrita". O que elas não sabiam é que a pequena Laurinha, como todos a chamavam, não sabia escrever ainda. Fora no dia seguinte apenas, que ela conseguiu escrever "Para Rodrigo".
        Rodrigo era filho de Rosana e Alberto, amigos dos pais de Laura. Os dois eram grandes amigos. Alguns diziam que eram como irmãos. Como eu dizia, a primeira carta que mandou foi para Rodrigo. A menina se esforçou muito para escrevê-la e era de se admirar que ela ficasse tão contente com isso. Alguns jovens não gostavam de escrever, muito menos de ler. Segue a carta.
       "Oi Rodrigo. Tenho saudade de você. Está bem? Só estou mandando essa carta porque aprendi a escrever e estou muito feliz.
        Com muito carinho,
        Laurinha."
        Todos sabiam que Amélia tinha ajudado a jovem a escrever, mas o que importava é que Laura havia dado um passo importante em sua vida.
       Laura perdera a mãe dois anos depois de ter aprendido a escrever. Fora uma perda muito dolorosa. Passava os dias dentro de casa calada e vivia se perguntando se a vida era assim mesmo. Ela conhecia a resposta, mas fingia que não.
       O tempo passou e a paixão pela escrita só crescia. Todos os dias Laura escrevia em seu diário. Diários eram comuns, mas o de Laura não tinha só confissões do seu dia-a-dia. Ela escrevia contos. Contos amados por ela e por muitas crianças. A escrita era doce e fazia do escritor um doce também.
       Faz pouco tempo que se pai faleceu, a menina, porém, não se deixou abater tanto. Ela amava o pai como amava a mãe. Mas agora ela sabia que sofrer tanto não valia a pena. Ela esperava por Rodrigo, mas ele a desapontou. O trabalho às vezes exigia muito. Mas talvez não fosse somente isso.
       Ah, quase me esqueci da parte mais importante. Laura e Rodrigo sempre tiveram uma espécie de amor por coisas desconhecidas. Sempre buscaram respostas para tudo. E sempre souberam que há sempre um grande segredo por trás de coisas aparentemente simples.
       Para a paz de Laura, seria bom que ela soubesse que Rodrigo enviou uma carta a ela. Eu poderia contar, mas vamos deixar que o vento se encarregue disso!

      
       Ligia G. V.
       Um grande abraço! (:

sábado, 15 de janeiro de 2011

Logo ali

          Eu sentia as lágrimas correrem pelo meu rosto e sentia-me mais triste. Lágrimas eram boas. Eram boas mesmo. Tiravam-me todo o sufoco que eu sentia. Mas aquilo não bastava.
          Tombei a cabeça para o lado para parecer uma pessoa normal. Mas na verdade eu deveria parecer maluca ali, sentada no banco da praça, chorando como uma criança.
           Fechei os olhos para esquecer o que via. Mas as imagens me perseguiam constantemente. Era triste, muito triste. Era real e por isso entristecia-me. Eu não podia fazer nada, as pessoas não acreditavam muito em visões. "É melhor calar-se".
          Com os olhos ainda fechados percebi que alguém sentara ao meu lado. Abri os olhos para ver quem era. Um senhor com bela aparência, cabelos brancos, simpático e feliz. Ele seria feliz se soubesse o que eu sabia?
          - Por que chora criança?
          - Nada muito importante. Apenas alguns acontecimentos que me abalaram.
          Não podia contar. Não podia. Mas talvez eu o fizesse mais feliz se contasse o que eu sabia. Mas a felicidade que ele sentia ali e naquele momento era muito grande para que eu a destruísse. Felicidade momentânea, apenas.
          - Entendo que não queira me contar, afinal acaba de me conhecer. Ele sorriu.
          - Não é isso. É que não quero perturbar-lhe com essas coisas.
          - Oras, se eu estou aqui é porque quero ajudá-la.
          Eu não sabia o que fazer. Eu poderia inventar qualquer coisa, se minha voz não soasse tão falsa quando eu mentia. "Conte para ele, talvez seja melhor." "Não, não conte". Era difícil guardar grandes coisas. Principalmente quando não se contava para alguém. Eu sentia o peso do universo em minhas costas.
          - Não vai dizer? Tudo bem se não me contar. Mas vejo que está perturbada com alguma coisa. Talvez seja melhor contar. Vai se sentir melhor. Às vezes não percebemos que temos a chance de compartilhar algo bom e nos calamos.
          - O que eu tenho não é bom, senhor.
          - Isso é relativo, minha jovem. Se quiser eu estou aqui.
          Eu deveria contar, talvez de uma forma que não ficasse tão claro. Seria um aviso. O senhor era sábio, ele iria entender.
          - Está chegando. Está perto, muito perto. Vem com muita força, não há como impedir - eu disse vomitando as palavras.
          Levantei do banco e comecei a andar. As lágrimas voltaram a rolar pela minha face assustada. Ele iria entender. O senhor ainda sentado me chamou e eu virei a cabeça.
         - Eu sei, eu sei! - ele disse por fim.

         Lígia G. V.
         Luz e paz!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O menino da árvore


Não olha, não nota, não chora.

Há sempre um silêncio amigo...

Perdido em devaneios felizes.

Não gosta, não pede, não grita.

Gosta é mesmo do silêncio.

Nunca quis as luzes.

Admira os parques pequenos   

 e os olhares humildes.

Gosta mesmo é das asas grandes.

Bem grandes.

E sonha até mesmo acordado.
            
  É um pequeno menino grande

Que às vezes me faz lembrar o Sidarta
              
 E que faz nascer em todos que o veem,

a pura flor de lótus.


Lígia.
Luz e paz!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A diferença rotula?

     Eu brincava com os dedos enquanto meu pai andava pela areia da praia. Ele estava triste, fato. Não sei o que causava aquilo. Talvez fosse a solidão. Mas acho que não. Mamãe estava na cozinha preparando um lanche e Louise brincava com seu amigo imaginário.
     Andei lentamente até alcançar meu pai, meus passos mal marcavam a areia. No horizonte o sol já começava a sumir. A hora perfeita do dia, pelo menos para mim.
     - Pai? Está tudo bem?
     - Oi filha, nem vi você chegar - disse sorrindo. - Estou bem. Só pensei em caminhar pela praia para refrescar a mente.
     - Entendo. E no que você tanto pensa?
     Ele me estendeu a mão e me levou até uma pedra e então sentamos.
     - Pensei em muitas coisas, querida. Mas o que mais me rendeu - ele riu - foi perceber que ser diferente realmente não agrada muita gente. Sempre temos que dizer o que as pessoas querem ouvir. Sempre temos que elogiá-las para que elas te deem valor.
     - É, isso é assim mesmo. Tem sempre que se estar em um padrão. Sempre temos que ter rótulos. Dói ver que não somos reconhecidos pelas nossas qualidades, pelo que nós somos capazes de fazer. Mas não adianta dizer, muita gente nega isso. Alguns dizem que isso é inveja dos egoístas. Não sei. Não acho isso. Se todos fossem amados pelo que são, ninguém precisaria sair sempre mascarado. Ultimamente bailes de máscaras têm durado o ano inteiro.
    - Tem razão, filha. Mas você é bela como é. E não me importo que seja diferente. Isso talvez seja culpa minha e da sua mãe.
    - Claro que não, pai. Sou assim porque quero, claro que pode ter tido alguma interferência. - eu ri.
    - Veja, sua mãe já está lá fora com o lanche, acho que devemos ir.
    - Vá na frente, eu vou ficar aqui mais um pouco.
    Meus olhos lacrimejavam quando meu pai foi embora. Ser diferente era um rótulo também? Não me importava com isso, eu estava realmente cansada de não ser reconhecida. Isso duraria até quando? Ao som dos pássaros e à luz do pôr do sol eu percebi que ser diferente não era ruim. Às vezes feria um pouco. Mas todos se ferem um dia, não é? Não importava se eu fosse sozinha, pois eu teria sempre as pessoas que me amavam e que eu amava, ao meu lado. E isso era o que bastava.

Lígia G. V.
Luz e paz!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Algum tempo depois...

       Passaram alguns meses e Rodrigo não veio me visitar. Anita faz o bolo que ele pediu, todos os finais de semana. Eu pensei algumas vezes que ele estivesse morto, mas acredito que não. Sinto falta dele, sinto mesmo. Mas não tenho o que fazer. Gostaria que ele estivesse aqui agora. As coisas seriam mais divertidas.
       Não posso negar que Anita tenha razão. Meus olhos têm estado mortos ultimamente. Sinto-me cansada a maior parte do tempo. Às vezes me pego vagando por aí, sem rumo. Eu deveria me preocupar, pois poderia estar doente. Mas sei que não é isso, e também sei o que é. Sinto falta também das amoras. Sim, pode rir de mim se quiser, mas elas são a minha paixão e elas têm muita história. Quem dera nascessem novamente.
        Durante esses meses nada fiz além de olhar o horizonte. Conforta-me. É quando faço isso que me esqueço do tempo. E é bom lembrar que não há tempo. Ah, Rodrigo, onde está, meu amigo? Queria contar alguns segredos a ele, pois sei que só ele compartilha a minha loucura. Por enquanto estou só no fim do mundo, onde as luzes não existem e andamos a cavalo.
        Devo mandar uma carta a ele novamente. Sei que isso é um jogo da minha mente, para que eu possa senti-lo vivo novamente, mas não me importo.
        Enquanto ele não vem e eu não mando a carta, farei de tudo para saborear melhor os dias e deixar de lado isso que consome e me entristece todos os dias. Irei às estrelas!

      
        Lígia G.V.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Terra de gigantes

     O menino estava sentado na calçada vendo os pássaros voarem. Seus olhos brilhavam, mas eu não tinha certeza se o motivo era o que ele via. Era jovem, talvez não conhecesse as dores e as belezas do mundo. O que me intrigava mesmo era o modo que suas mãos se apertavam a todo instante.
     - Olá, posso me sentar aqui?
     - Pode - respondeu timidamente. Era corajoso, porque para ele eu era uma desconhecida.
     - Gosta dos pássaros?
     - É, eles me encantam um pouco. Gosto da forma que voam. Voar deve ser bom.
     - Acredito que sim. Nunca voei, mas esse deve ser o desejo de muitos.
     - Deve... - e o menino ficou triste. Nunca vira a tristeza brotar de forma tão grande nos olhos de alguém tão jovem.
     - O que foi, querido? Por que está assim tão triste?
     - Pareço triste? Droga! Não queria deixar os sentimentos assim, tão aparentes. Mas não consigo camuflá-los.
     - Ei, isso é bom. Quando somos crianças não conseguimos fingir. Deveria se orgulhar. Você aprenderá muitas coisas quando crescer. E uma delas é que não deve mentir ou fingir. Mas diga-me, o que há?
     - Estou aqui há tempos sem fazer nada, apenas olhando os pássaros. Mas há pouco tempo passou uma moça. Ela parecia triste. Desejei do fundo do coração poder ajudá-la, mas ela teve medo de mim. Pareço ladrão? Mesmo assim pude ver a sua grandeza, e sabia que mesmo triste ela seria feliz. Então a chamei e disse algumas coisas. Ela sorriu e me agradeceu. Nunca digo nada a ninguém, mas desta vez eu disse. Ela pareceu feliz. Gostei de ajudá-la. Eu gosto de ajudar. E gosto de encontrar a grandeza nas pessoas.
     - Isso é bom. Admiro muito pessoas assim. Olha posso passar sempre por aqui e podemos conversar mais   vezes. O que você me diz?
     - Seria bom. Gosto de você. Posso ver o quanto é boa e o quanto deseja o bem. Posso ser seu amigo? Gosto de amigos. E meus amigos são todos gigantes. Têm almas gigantes. Sinto-me triste às vezes por estar aqui, por isso chorava por dentro a pouco tempo. E você conseguiu ver. Isso não é lindo? Eu gosto. Você é gigante.
     - Obrigada, querido. Ficarei honrada em ser sua amiga. A forma com que vê o mundo é muito sutil e bela. Não perca isso jamais. Agora tenho que ir. Mais tarde passo por aqui.
     O menino acenou e ela seguiu seu caminho. Enquanto via a jovem moça partir ele apenas pensava "amo essa terra de gigantes"

     Lígia G.V.
     Luz e paz
   Sentia sua falta, quando na verdade não podia e nem deveria sentir. Mas o sentimento é algo rápido demais e é impossível impedí-lo de chegar no coração. E quando lá ele se aloja a coisa fica mais complicada. Eu não queria sentir vontade de ver seus olhos todos os dias, não queria querer ouvir a sua voz. Porque dói quando já não se tem a pessoa perto. E não é simples esquecer. O coração vive a acelerar mesmo anos depois. Isso é o sentimento ainda vivo? Quando as cores se agitam no céu, é difícil não lembrar. Eu odeio romances. E odeio mais ainda sentir saudade de coisas que nunca existiram.

   Lígia

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Palavras atrás do véu cinza se agitam e correm. Não desespera não anima, é só um ciclo. Um ciclo perdido em mãos imundas. Dói ver que seus olhos, que um dia foram tão brilhantes, estão envoltos pela cegueira do véu!

Lígia
Luz e paz!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

     Corra para ver o conto de fadas se acabando. Transforma-se em pó mágico e este permanece no chão até que o vento possa levá-lo até o próximo castelo. Eu nunca disse que essa história era perfeita. Não há mais alegria lá, onde antes os risos pareciam reinar. Ora, o coelho despertou, correu e acabou-se ali. Sem lágrimas, por favor, as suas nunca foram sinceras. Sempre fora um jogo baixo da realeza? Não, não. Você modificou as regras e não há mais porque esperar um final feliz. Aquele lugar está condenado agora. Não espero a escuridão, pois ele não merece, nem quem o destruiu mereceria um fim trágico. Vamos esperar, as cortinas logo se abrirão para seu novo teatro. Só basta saber qual será o seu jogo e a sua máscara agora!

    Abraços!
    Lígia.