quarta-feira, 30 de março de 2011

Do universo

Da terra, do mar,
do fogo, do ar,
do medo, da cura,
do infinito e da procura.

Da chuva que vem,
do mal que se tem,
do sol distante que brilha,
e da estrada em que se caminha.

Do sorriso infinito
e do olhar bonito.
Do corpo esbelto 
e do garoto esperto.

Da tempestade que vem
e lava seu rosto.
Do sol que o seca
e brilha em seus olhos
intactos, perfeitos,
finitos no infinito do tempo.
Perdidos, incertos,
na imensidão do universo!


Lígia G. V.
Luz e paz!

segunda-feira, 28 de março de 2011

Para quê se encher assim de plumas e paetês?
Para quê trocar de máscara a cada nova hora?

De onde vem esse seu medo inexplicável?
Sua voz sem som... seus lábios sem cor...

Por que dorme nas horas mais sombrias
e durante o dia se esconde nas sombras?

Por que não ouve os pássaros e 
nega a sua felicidade?

Por que chora escondida
e esconde seus olhos sinceros?

Para quê mais fama do que o necessário?
Para quê fugir do que não se pode?

Por que insiste em morrer assim tão jovem?
Por quê?


Lígia G. V.

sábado, 19 de março de 2011

         Permanecia quieta, sozinha na sala vazia marcada pelas frias lembranças.Olhava as paredes, agora velhas. Um dia tinham abrigado muita gente. Mas isso já não importava. Nada do que havia passado realmente importava. As pessoas estavam envelhecendo. Os sorrisos eram marcados pela passagem do tempo. Os olhares refletiam uma alegria e uma tristeza. A efemeridade cercava tudo e todos!
        Lembrou que ela não seria sempre lembrada por seus amados. Ela, um dia, os esqueceria também. Mas talvez, em outra vida, pudesse senti-los vivos em seu coração. Uma chama se acenderia e um vazio percorreria seu leve e pesado corpo humano.
       Recordou-se também que o que importava era o presente e que não era necessário sofrer pelo seu passado e seu futuro. Mas mesmo assim a gélida solidão ao seu redor a aterrorizou. Os gostos já não tinham sabor.
       Viu os acontecimentos preencherem a sala, o eco das falas inundando-a! Ela titubeou, estou velha, pensou. Sentiu a paz percorrer seu corpo. Flores do campo fizeram da sala um lindo jardim perfumado. Sorriu, enfim. A tristeza abandonava-a e ela sentiu que flutuava. Por fim seu corpo tombou. 
       O universo já havia pedido muito a ela e agora poderia descansar na estrela mais brilhante e estaria finalmente em seu lar!

                                                                                                                                                  Lígia G. V.

terça-feira, 15 de março de 2011

Cansei-me das vozes! De todas por completo! Cansei até mesmo da minha! Odiei tantas vezes as falas falsas, vindas de pessoas sem nenhuma moral. Mas agora, canso-me também das falas sábias. Canso-me do mundo cansado que se cansa mais a cada novo nascer do sol. Entristeço-me com os rostos marcados pela tristeza de uma vida perdida, estraçalhada pelo ciclo natural. Alegro-me com os sorrisos sinceros que ajudam as almas despedaçadas a seguirem um novo caminho, às vezes belo por inteiro. Fico enraivecida em ver que o ser humano pensa no próximo apenas nos momentos de caos e morte. O certo, talvez, seja permanecer, agora, em silêncio. Já que as falas parecem-me cada vez mais distantes... distantes do que realmente importa!

Lígia G. V.
Luz e paz!


quinta-feira, 10 de março de 2011

Ainda que toda a maldade paire sobre o ar, e todas as falas falsas venham até mim, eu continuarei a acreditar na bondade. A escuridão reina apenas onde o ser humano a aceita e a acolhe!

Lígia
Luz e paz!

sábado, 5 de março de 2011

      
                   As imagens estavam embaçadas devido as lágrimas que se formavam em meus olhos. Não deixe elas caírem, não deixe. Respirei fundo e deixei que os pensamentos fossem embora. Não adiantava tê-los como companhia, eles traziam tristeza a minha tarde. Faziam com que a tempestade do lado de fora parecesse pequenina comparada com a que se passava dentro de mim, o que era impossível. 
         Pensei duas vezes sobre o que acontecia no meu dia-a-dia. Nada fazia muito sentido. A rotina me sufoca, me atormenta. Percebi que a cada novo dia, tentava mudá-la, e que às vezes, não tinha sucesso algum. A minha rotina, tornara-se então, tentar mudar a rotina?
        Lembrei dos dias passados e ensolarados e de como eles pareciam felizes. Depois me recordei dos dias cinzentos e chuvosos, e percebi que eles também haviam sido felizes. Nas telas coloridas, identifiquei pequenos pingos pretos espalhados. Era uma espécie de equilíbrio. Um equilíbrio que eu fazia questão de ter. Eu queria que fosse daquele jeito. Eu queria que houvesse sofrimento, assim como havia felicidade. Eu trazia a tristeza para a minha vida, eu, e somente eu, fazia com que a mágoa viesse lentamente em minha direção. Não precisava  disso, mas mesmo assim o abrigava. Era a rotina. A comodidade. Tudo instalado em mim, impregnado. Desfaça-se disso!
           Não parecia ser fácil largar tudo aquilo. Há quanto tempo a sociedade vivia em torno de tudo isso? Mude, mude! Mas se eu desejasse, eu conseguiria sair do ciclo. E eu desejava e estava disposta a fazer o necessário. As lágrimas sumiram aos poucos. Minha visão voltou ao normal. Meus medos estavam quietos. Meu animo estava a mil. Os acontecimentos permaneciam em silêncio, ainda instalados em mim. Renove! As coisas mudariam, eu daria um jeito de mudá-las. Nem que para isso eu tivesse que matar e enterrar a rotina. Maldita, maldita! Nunca fora amigável!


         Lígia G. V.
         Abraço!

quarta-feira, 2 de março de 2011

       O frio me envolvia, me enlouquecia, me desanimava. Enquanto o calor alegrava alguns rostos disformes. Durante muito tempo pensei no motivo pelo qual eu rejeitava certas coisas. Não as amava? Ou desejava simplesmente ignorá-las? Tanto faz. Isso em nada muda o caminho das coisas. Vi, algumas vezes, as cenas se tornarem realidade, e a realidade em alegria ou tristeza. Um passo, um caminho. Duas escolhas, talvez.
       Porém, numa tarde calma, a chuva me envolveu e o frio me perseguiu. Meus pensamentos não resultavam em nada. Meus olhos eram janelas. Gritei em silêncio, e como de costume ninguém ouviu. Algumas peças se encaixaram e as coisas fizeram mais sentido. Um sorriso, uma lágrima!
       Não adiantaria nada deixar o calor me envolver, o frio me devorava. Perseguia-me há dias e eu lutava contra ele, sem sucesso. Percebi que seria melhor deixá-lo em paz, fazer com que ele caísse na poeira e fosse acalmado. Foi aí, então, que o calor me alcançou. Minha mente iluminou-se e eu pude entender o que acontecia. Jogos da mente? Não sei, não sei. Talvez apenas quisesse que as coisas fossem felizes sempre. Mas isso não seria possível, não por enquanto. A tristeza não precisava ser algo ruim, podia haver felicidade nela, mesmo que para muitos fosse difícil enxergá-la ali.
       Assim se sucederam os acontecimentos. Um ciclo sem fim, aparentemente. Um jogo ganho, outro perdido. A paz, o horror. A tristeza, a felicidade. O choro e o riso. O vazio. O efêmero. Uma vida, uma morte!

        Lígia G. V.
        Luz e paz!