terça-feira, 31 de janeiro de 2012

                Um dia eu ouvi dizer que o amor só morre quando morremos.
                Mas eu sei que isso não é verdade, pois o amor é eterno assim como eu.
                Eu queria mesmo é que minha professora acreditasse que o amor cura tudo.
                Mas ela me disse que o amor é que lhe causa a dor, e de dor ninguém gosta.
            Eu disse a ela que isso não é verdade, porque o verdadeiro amor não causa nada a não ser amor e coisas boas. Quem lhe causava a dor era ela mesma que se deixava ferir por palavras e atos feitos por alguém.
               Ela ficou brava comigo e disse que eu não entendia nada sobre isso pois era só uma criança
                - Você está brava porque sabe que é verdade. O amor não existe para machucar e depois deixar cicatrizes na vida das pessoas. Ele existe para curar tudo isso.
                
               Lígia G. V.
               Luz e paz!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A Luz que há em você - final


                                                             Ilustração de Josephine Wall

                - Olá! – sua voz era suave.
                - Oi. – eu respondi ainda atordoado. – Eu só estava vendo você...
                - Dançar. – ela riu.- Eu sei. Eu vi você chegar! – ela sorriu para mim.
                - Não te preocupa que eu possa contar a alguém o que eu vi?
                - Não! – ela respondeu firmemente. – Porque eu sei que você não contaria. Eu sei que você tem aí dentro o mesmo que eu tenho dentro de mim. – seus olhos brilharam e por um momento eu tive impressão que eles espalhavam luz pelo mundo.
                - Por que você dança? – eu perguntei.
                - Eu danço porque a dança faz parte de mim. Eu sou a música, eu sou a dança e eu sou a luz.
                - Mas como você fez surgir essas flores?
                - Não importa como elas surgiram. Elas só apareceram porque eu tenho amor dentro de mim. O amor incondicional. – ela sorriu. - Quando eu danço esse amor envolve tudo o que está ao meu redor, e isso faz com que a beleza apareça.
                Eu ficou em silêncio, apenas olhando para mim, e depois retornou a falar:
                - Você tem isso dentro de você, querido. Sim, você também tem essa luz e esse amor. Eu estou aqui para que você desperte do que te aprisiona. Para te mostrar que você, assim como todos, pode espalhar beleza a esse mundo que aos poucos morre.
                Eu fiquei olhando-a sem entender muita coisa, mas eu sabia que ela tinha razão, ela falava a verdade. Pois do meu jeito eu já levava a felicidade para as pessoas. Eu gostava de vê-las sorrirem e de ouvi-las dizerem que amavam a vida e amavam o universo. Aos poucos eu mostrava a elas o caminho até a luz.
                Eu passei a dançar. Dançava todos os dias ao lado de Heloísa. E quando eu dançava eu via uma luz sair de mim e iluminar tudo e todos a minha volta. Eu era aquela luz que levava alegria e amor ao mundo. Eu sou essa luz! Mas nem tudo foi fácil, eu tive que quebrar muitas barreiras que havia colocado em minha vida para alcançar o que alcancei.
                Muitas vezes eu vi surgir no rosto triste de uma criança um lindo sorriso, provocado apenas por me ver dançar. Eu levava a esperança aos corações despedaçados e fragilizados. Eu levava a paz aos lares perturbados. E despertava aqueles que estavam prontos para viver essa realidade.
                Eu e Heloísa dançávamos porque nós éramos e ainda somos a dança que faz desabrochar todas as flores de luz do universo. Nós somos a luz que há em você!

Muita luz e paz a todos!
Lígia G. V.

domingo, 29 de janeiro de 2012

A Luz que há em você


                                                             Ilustração de Josephine Wall

                Houve um tempo em que a magia era sentida nos corações mais nobres e sinceros que existiam na humanidade. Não falo sobre aquela magia que destrói pessoas e traz as trevas para aqueles que também têm luz, mas sim aquela que dá cor a vida e aroma as flores que nascem no esplendor da primavera.  Aquela que faz brilhar os olhos de uma criança e tira da escuridão o mais pobre espírito.
                Eu vivi neste tempo e pude experimentar diversas coisas que me trouxeram grande felicidade. A felicidade plena, posso assim dizer. Eu nunca tive muito poder, apesar de na época ser um jovem rapaz vindo de uma família rica. O poder nunca me interessou e talvez por isso a magia nunca tenha me consumido ao longo dos anos. Eu e Heloísa, minha amada Heloísa, transformamos a magia e trouxemos luz a um mundo que sucumbia aos poucos, mergulhado em egoísmo.
                Eu vivia rodeado de luxo e bens materiais. As pessoas me davam presentes caros para que eu continuasse a ter uma vida de nobreza, mas aquilo não me importava. É claro que o dinheiro tinha um papel importante na vida de um homem, ele trazia muitas coisas, e quando você adoecia tê-lo era uma garantia de que você poderia sair  vivo daquela situação. Mas eu gostava das coisas simples, eu gostava do amor. O amor incondicional. E isso fez com que eu visse a vida de outra forma.
                Conheci Heloísa quando eu tinha cerca de 20 anos e ela 19. Seus cabelos negros e cacheados caiam sobre seu rosto meigo e seus olhos verdes brilhavam da forma mais pura possível. Ela sorria e dançava. O sorriso mais sincero e amoroso que cheguei a ver em minha passagem pela Terra. E a sua dança... ah... a sua dança era luz! Enquanto ela se movia no meio da neve e eu a observava pude ver que a sua volta rosas surgiam entre as plantas nuas de inverno. Eu me perguntei inúmeras vezes como elas poderiam surgir em meio a tanto frio. Depois de algum tempo eu entendi que aquilo era magia. Heloísa trazia flores ao mundo na época em que todos nos recolhíamos. Trazia cor ao mundo frio.
                E enquanto eu compreendia o que acontecia e começava a ficar maravilhado com a situação eu me dei conta de que ela não estava mais lá e assustado eu me virei para procura-la. Assim encontrei-a olhando para mim.

Lígia G. V.
Continua...