segunda-feira, 30 de abril de 2012

        
       De vez em quando a vida bate na gente. Nos arremessa para longe e a força com que batemos no chão é tão forte que nos faz perder os sentidos. Mas sempre que isso acontece, a vida faz questão, também, de nos trazer de volta e mostrar que o que tínhamos antes ou o que queríamos ter não é nada comparado ao que éramos e ao que somos agora. De vez em quando a gente precisa de um chacoalhão para perceber que a vida é muito mais que simples vontades que um dia passam e acabam, que a vida é muito mais do que tudo o que vemos agora!

     Lígia G. V.
     Luz e paz!

quarta-feira, 25 de abril de 2012


Vi o mundo tecer minha teia.
A noite morrer num soluço,
e o dia nascer numa centelha.


Lígia G. V.
Luz e paz!



segunda-feira, 16 de abril de 2012


Ela insistia em parecer fria enquanto por dentro esquentava o seu coração. O inverno seria forte esse ano e era melhor ela se agasalhar bem se quisesse que ele não adentrasse seu interior.


Trecho do meu conto Tardes de outono.
Lígia G. V.

quarta-feira, 28 de março de 2012



Ela sentou no banco velho do trem. Com uma mão colocou a sua mala pesada de couro no chão e com a outra segurou a mão quente de sua filha Louise. Enrolou o cachecol envolta de seu pescoço e colocou a filha no colo. Fazia muito frio aquele dia. 
- Mamãe, o papai não virá? - perguntou a pequena.
- Não minha filha, ele não virá! - respondeu Clarissa.
- Por que não? Eu nem disse tchau a ele, mamãe!
- Existem certas coisas que não posso explicar para você agora, Louise. Você terá que ser paciente e compreensiva, está bem?
- Tudo bem! - respondeu ela sorrindo.
O trem começou a partir e Clarissa olhou a paisagem do seu lar se afastando cada vez mais. As árvores branquinhas cobertas de neve, um cachorro que latia freneticamente, milhares de acontecimentos que haviam marcado sua vida. Uma lágrima doce rolou pelo seu rosto e antes que Clarissa pudesse enxugá-la ela já havia caído no pequeno corpo de sua filha de 5 anos. Louise olhou para sua mãe tentando entender porque ela estava chorando. Abraçou-a com força, muita força...
- Mamãe, por que estamos indo embora?
- Às vezes, minha querida, dói deixar para trás as coisas de que gostamos. Mas quando não há mais espaço para nós em algumas situações, nós simplesmente temos que partir e procurar novas coisas, novos rumos.- ela olhou para o rosto triste da filha. - Louise, você não deve ficar triste. As coisas ficarão bem.
- É claro que vão, mamãe. As coisas sempre ficam bem! - ela sorriu. 
Clarissa assentiu e sorriu de volta para a filha. Do lado de fora flocos de neve começaram a cair, e Clarissa lembrou que o inverno estava apenas começando. Por mais que o frio tentasse entrar, ela faria de tudo para que ele passasse bem longe dela e de sua amada filha.

Lígia G. V.

terça-feira, 20 de março de 2012

Sonhar...


Ela rabiscou alguns traços na folha que estava em branco. Olhou centenas de vezes para aquelas linhas que formavam um desenho. Apagou, desenhou, apagou, desenhou. Analisou novamente. Estava bom, aquilo era o que ela queria. Seu irmão mais novo se aproximou.
- O que é isso, Rebeca? Um monte de linhas tortas?
- Vitor, isso é um desenho!
- Pois eu não vejo nada aí, só um monte de rabisco!
Ela ficou quieta. Aquilo definitivamente não era um bolo de rabiscos.
- Como assim um monte de rabisco? Olhe aqui, você não vê nada?
- Não! O que é isso Rebeca?
- Isso é o meu sonho, Vitor. Veja todos esses traços que formam diversas coisas! Como você pode não ver? 
- Triste ver que isso é o seu sonho! - seu irmão debochou e foi embora rindo.
Vitor podia não ver, mas aquilo era sim um desenho. Não importa se ele não conseguia ver. Todas aquelas linhas levavam sempre ao mesmo lugar, havia uma estrada, um ser que caminhava, havia sonhos mergulhados em nuvens, havia felicidade e amor, havia algumas lágrimas também. Porque como já havia dito uma grande poetisa "perder-se também é caminho". E aquilo tudo, querendo ou não, era o seu sonho, e Rebeca faria de tudo para torná-lo real!

Lígia G. V.