Ela sentou no banco velho do trem. Com uma mão colocou a sua mala pesada de couro no chão e com a outra segurou a mão quente de sua filha Louise. Enrolou o cachecol envolta de seu pescoço e colocou a filha no colo. Fazia muito frio aquele dia.
- Mamãe, o papai não virá? - perguntou a pequena.
- Não minha filha, ele não virá! - respondeu Clarissa.
- Por que não? Eu nem disse tchau a ele, mamãe!
- Existem certas coisas que não posso explicar para você agora, Louise. Você terá que ser paciente e compreensiva, está bem?
- Tudo bem! - respondeu ela sorrindo.
O trem começou a partir e Clarissa olhou a paisagem do seu lar se afastando cada vez mais. As árvores branquinhas cobertas de neve, um cachorro que latia freneticamente, milhares de acontecimentos que haviam marcado sua vida. Uma lágrima doce rolou pelo seu rosto e antes que Clarissa pudesse enxugá-la ela já havia caído no pequeno corpo de sua filha de 5 anos. Louise olhou para sua mãe tentando entender porque ela estava chorando. Abraçou-a com força, muita força...
- Mamãe, por que estamos indo embora?
- Às vezes, minha querida, dói deixar para trás as coisas de que gostamos. Mas quando não há mais espaço para nós em algumas situações, nós simplesmente temos que partir e procurar novas coisas, novos rumos.- ela olhou para o rosto triste da filha. - Louise, você não deve ficar triste. As coisas ficarão bem.
- É claro que vão, mamãe. As coisas sempre ficam bem! - ela sorriu.
Clarissa assentiu e sorriu de volta para a filha. Do lado de fora flocos de neve começaram a cair, e Clarissa lembrou que o inverno estava apenas começando. Por mais que o frio tentasse entrar, ela faria de tudo para que ele passasse bem longe dela e de sua amada filha.
Lígia G. V.
Arrepio-me, muito.
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