segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Quando Laura voou - Parte 2

- Laura, quando sua mãe ainda era viva, eu a amava a cada segundo, e por amá-la, amava a todos também. Era algo mágico, eu me sentia muito bem. Sua mãe costumava dizer que você era uma pessoa muito amável, e acho que não se enganou!

Agora fora a vez de Laura permanecer calada. Apenas olhava. Percebi que ela falava em silêncio sobre sua mãe. Mas de repente, num impulso ela falou:

- Mamãe não morreu pai! – falou a menina.
- Como não morreu?

Ela não respondeu novamente. Além de muito inteligente, Laura amava deixar as frases no ar.
- Não entende, não é? Olhe a sua volta, o que vê é só móvel, parede, objeto! Não há sentimento. Muitos jovens gostariam de estar no meu lugar hoje. Mas pra que se não há sentimento nessa casa? Eu morri há cinco anos... E não teria acontecido isso se houvesse sentimento aqui! Há muito sentimento dentro de mim, pai! Mas não basta só eu senti-los!

Ela se retirou, subiu a longa escada, e entrou em seu quarto. Lá ela passou alguns minutos montando um quebra cabeça de 1000 peças! Minutos, entende? Ela só tinha 16 anos!

Todo fim de tarde, Laura ia para varanda do seu quarto, sentava e apreciava o lindo pôr do sol. Até mesmo quando não havia, ela estava lá! Nas tardes, ela ficava horas no jardim. Brincava com as borboletas, libélulas, pássaros e até mesmo abelhas. Ela falava com as árvores e dizia que tudo ficaria bem, cantava uma, duas, três canções e depois ia embora. Realmente emocionante. Pode não ser para quem apenas lê essa simples história, mas é para quem a vê!

Laura desceu para o jantar, e enquanto comia, sentia a falta do pai. Dessa vez, Laura chorava. As lágrimas eram grandes e pareciam muito pesadas. Eu já não aguentava mais. Doía muito vê-la daquele jeito. Enquanto mastigava e chorava, ela cantava uma linda melodia. A cada nova nota, uma nova lágrima surgia. A melodia parecia interminável. Quando parou de cantar, as lágrimas simplesmente sumiram!

Laura ficou lá! Terminou o jantar e permaneceu.

- Laura, não quer mais nada minha linda? – eu perguntei.
- Não, não, Amélia! Obrigada. – disse a menina.
- Você está bem? – perguntei.

Ela não respondeu. Eu fiquei ali, e entendi que ela não queria falar. Ela soltava um“Ah”, como se quisesse falar algo, e não demorou muito para que isso acontecesse.

- Amélia, você acha que as pessoas conhecem alguém de verdade?

E assim Laura saiu. Não esperou minha resposta. Compreendi então que não queria uma resposta, queria que eu filosofasse!

Eu pensei muito, e decidi conversar com ela. Fui ao seu quarto, foi quando me deparei com uma gaveta cheia de fotografias. Algumas de sua mãe, e as outras de paisagens. Fotos bonitas... Inspiradoras, harmoniosas... Jardins grandes com muitas flores de diversas cores... Cachoeiras lindas, com um ar leve... Fotos um tanto misteriosas!

- Amélia, vejo que descobriu minha gaveta?!- Falou a menina
- Estava tudo aqui já, desculpe por olhar, mas sabe que aprecio muito as suas coisas!
- Não se preocupe! Tiro essas fotos sempre, sabe como sou, gosto muito da natureza...
- É, e continue assim...

Eu iria falar com ela sobre as pessoas conhecerem alguém realmente, porém Laura já parecia estar desligada daquele assunto, então decidi deixar pra lá. E assim saí do quarto lembrando-me das belas paisagens que encontrei.

Ela dormiu e nem esperou seu pai chegar. No dia seguinte, já bem cedo Laura disse:

- Amélia, não se preocupe comigo. Hoje voltarei mais tarde.

Ela não disse para onde ela iria, e eu nem quis perguntar, quando Laura não dá mais informações é porque é uma coisa muito intima dela.

Laura costumava sentir muito a falta das pessoas que realmente gostava. Uma frase do tipo “vou embora e não voltarei” a perturbava muito. Ela tem uma consideração muito grande pelos amigos. Não menti jamais. E não teme a verdade. Ninguém a engana. Laura é muito distraída. É como se estivesse em outro mundo, mas sabe quando alguém está dando um “golpe” nela.

O dia foi triste. Sem a suavidade de Laura, a casa permaneceu fria. Não havia barulho... Não havia falas... Não havia... amor.

Laura chegou realmente bem tarde. Mas chegou com um grande sorriso nos olhos! O que havia ocorrido para ela ficar assim? Estaria ela apaixonada?

- Apaixonada? Está louca Amélia? É claro que não estou apaixonada!
- Sei. E qual é a razão de seus olhos brilharem tanto, meu anjo?
- Nada Amélia, nada!

Laura estava flutuando, falava cada vez mais suave, uma voz serena. Irradiava uma luz infinita. Com seus misteriosos segredos era impossível descobrir! Mas achei que naquele dia, Laura tinha ido passear pelas florestas. E lá, vai saber o que ela acha.

Ela não quis jantar, disse que estava cansada. Compreendi. Assim, logo foi dormir. Mais uma vez, com a ausência do pai na casa! Durante a noite, me dei conta de que com o passar dos dias, Laura sorria mais. Estaria ela voltando a ser feliz?


Mais tarde eu coloco o final... espero que gostem!!
Beijos ☺

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