sábado, 5 de março de 2011

      
                   As imagens estavam embaçadas devido as lágrimas que se formavam em meus olhos. Não deixe elas caírem, não deixe. Respirei fundo e deixei que os pensamentos fossem embora. Não adiantava tê-los como companhia, eles traziam tristeza a minha tarde. Faziam com que a tempestade do lado de fora parecesse pequenina comparada com a que se passava dentro de mim, o que era impossível. 
         Pensei duas vezes sobre o que acontecia no meu dia-a-dia. Nada fazia muito sentido. A rotina me sufoca, me atormenta. Percebi que a cada novo dia, tentava mudá-la, e que às vezes, não tinha sucesso algum. A minha rotina, tornara-se então, tentar mudar a rotina?
        Lembrei dos dias passados e ensolarados e de como eles pareciam felizes. Depois me recordei dos dias cinzentos e chuvosos, e percebi que eles também haviam sido felizes. Nas telas coloridas, identifiquei pequenos pingos pretos espalhados. Era uma espécie de equilíbrio. Um equilíbrio que eu fazia questão de ter. Eu queria que fosse daquele jeito. Eu queria que houvesse sofrimento, assim como havia felicidade. Eu trazia a tristeza para a minha vida, eu, e somente eu, fazia com que a mágoa viesse lentamente em minha direção. Não precisava  disso, mas mesmo assim o abrigava. Era a rotina. A comodidade. Tudo instalado em mim, impregnado. Desfaça-se disso!
           Não parecia ser fácil largar tudo aquilo. Há quanto tempo a sociedade vivia em torno de tudo isso? Mude, mude! Mas se eu desejasse, eu conseguiria sair do ciclo. E eu desejava e estava disposta a fazer o necessário. As lágrimas sumiram aos poucos. Minha visão voltou ao normal. Meus medos estavam quietos. Meu animo estava a mil. Os acontecimentos permaneciam em silêncio, ainda instalados em mim. Renove! As coisas mudariam, eu daria um jeito de mudá-las. Nem que para isso eu tivesse que matar e enterrar a rotina. Maldita, maldita! Nunca fora amigável!


         Lígia G. V.
         Abraço!

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