quarta-feira, 6 de junho de 2012

Sophia e o reino de Luzio


            - Caminhe, menina. Caminhe o quanto puder. - dizia a imagem que se projetou diante dos olhos entusiasmados de Sophia. - Se você continuar aqui o frio congelará seu corpo.
            Sophia olhou para o homem que segurava uma espécie de varinha e tinha os cabelos cor de fogo espetados. Numa doce alegria a menina riu. Jamais congelaria.
            - Está enganado, meu amigo. Eu poderia passar a noite nesta estrada e continuaria quente como uma brasa. Caminho junto a felicidade, e uma companhia como esta não pode trazer a morte, não é?! - ela olhou para os olhos arregalados do moço.
            - Você é quem está enganada... - já começava a dizer quando percebeu algo em Sophia. - No seu caso não. Mas apenas porque você carrega também a magia, assim como eu. - ele sorriu.
            - Então venha comigo, senhor..? - perguntou Sophia.
            - Luzio. Luzio é o meu nome.
            - Venha comigo Luzio. A noite hoje está mágica. E dizem as estrelas que há muito para vermos.
          Sophia e Luzio caminharam pelo longa estrada. Seus passos ficavam marcados na neve fofa e branca, mas aos poucos se perdiam, mostrando que a vida também era feita de efemeridade. Sophia desejava viver altas aventuras, a pequena menina de apenas 10 anos era sapeca e muito inteligente. Havia saído de casa uma semana antes do Natal e pelas suas vestes era possível ver que ela tinha uma vida muito boa. Porém, por algum motivo ela desejava algo mais do que tudo o que já tinha. 
            - O que uma menina tão jovem faz sozinha no meio desta estrada? - perguntou Luzio.
          - Sou muito feliz - começou ela - e grata por tudo o que tenho. Mas eu queria provar que as histórias que minha mãe lê para mim são reais. Um dia ouvi dizer que o coelho de Alice no País das Maravilhas corre apressado por este mundo. - ela sorriu entusiasmada. - E se ele existe, então Alice também há de existir. Assim como todos os outros personagens dos contos de fadas. - Sophia olhou misteriosa para Luzio - Há algo em você que me lembra o Chapeleiro Maluco.
           - Eu não sou o Chapeleiro Maluco, minha cara. Sou Luzio. E você certamente não é Alice.
          - É claro que não! Eu sou Sophia! Mas você não acha que eu tenho razão, Luzio?
            - Acredito que sim. Se é que alguém viu mesmo o tal do coelho. - ele revirou os olhos.
           Ainda andando Sophia se lembrou que jamais deveria falar com estranhos.
          - O que você faz aqui? Por que está aqui? Para onde está me levando? - perguntou a menina esperta.
           - Ora, não seja louca. Eu vivo por aqui. Sou um ser mágico, faço parte deste mundo. 
          - Que mundo?
          - Este. - apontou Luzio.
           Na frente dos dois havia uma linda aldeia cheia de pequenas luzes amareladas. Lindas casinhas de tijolos onde pessoas alegres dançavam. Sophia sorriu. 
          - Você mora aqui? - perguntou.
          - Sim. Venha comigo.
          Eles andaram até o centro da aldeia, onde a claridade era pouca. 
           - Olhe para o céu, Sophia. - disse Luzio.
           Sophia obedeceu. Ao olhar para o céu ela viu pequenas partículas brilhantes caindo. Apenas ali não nevava.
           - É o brilho das estrelas. Ele cai sobre nós esta época do ano. Não é lindo?
           - É mágico. - Sophia riu.
           As pessoas riam e cantavam, enquanto crianças brincavam com o pó das estrelas. O frio ali parecia ter ido embora.
           - Você pode ficar aqui esta noite se preferir. Minha casa é logo ao lado e há muitas crianças da sua idade.
           - Eu adoraria ficar. - Ela sorriu entusiasmada.
           Sophia não sabia, mas ela jamais voltaria para casa. Não porque não desejasse, mas porque aquele era o seu mundo e a sua história. O que ela ainda não havia percebido é que ela era uma personagem dos contos de fadas assim como Branca de Neve e Cinderella e tudo ali era mágico. Sua história contava muito mais do que a noite em que chegara ali e mais tarde ela seria conhecida como Sophia, de Sophia e o reino de Luzio. E quem sabe, algum dia, alguém a visse andando pela linda estrada de neve assim como tinham visto o coelho de Alice.

             Lígia G. V.
             Luz e paz!
           

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