quarta-feira, 28 de março de 2012



Ela sentou no banco velho do trem. Com uma mão colocou a sua mala pesada de couro no chão e com a outra segurou a mão quente de sua filha Louise. Enrolou o cachecol envolta de seu pescoço e colocou a filha no colo. Fazia muito frio aquele dia. 
- Mamãe, o papai não virá? - perguntou a pequena.
- Não minha filha, ele não virá! - respondeu Clarissa.
- Por que não? Eu nem disse tchau a ele, mamãe!
- Existem certas coisas que não posso explicar para você agora, Louise. Você terá que ser paciente e compreensiva, está bem?
- Tudo bem! - respondeu ela sorrindo.
O trem começou a partir e Clarissa olhou a paisagem do seu lar se afastando cada vez mais. As árvores branquinhas cobertas de neve, um cachorro que latia freneticamente, milhares de acontecimentos que haviam marcado sua vida. Uma lágrima doce rolou pelo seu rosto e antes que Clarissa pudesse enxugá-la ela já havia caído no pequeno corpo de sua filha de 5 anos. Louise olhou para sua mãe tentando entender porque ela estava chorando. Abraçou-a com força, muita força...
- Mamãe, por que estamos indo embora?
- Às vezes, minha querida, dói deixar para trás as coisas de que gostamos. Mas quando não há mais espaço para nós em algumas situações, nós simplesmente temos que partir e procurar novas coisas, novos rumos.- ela olhou para o rosto triste da filha. - Louise, você não deve ficar triste. As coisas ficarão bem.
- É claro que vão, mamãe. As coisas sempre ficam bem! - ela sorriu. 
Clarissa assentiu e sorriu de volta para a filha. Do lado de fora flocos de neve começaram a cair, e Clarissa lembrou que o inverno estava apenas começando. Por mais que o frio tentasse entrar, ela faria de tudo para que ele passasse bem longe dela e de sua amada filha.

Lígia G. V.

terça-feira, 20 de março de 2012

Sonhar...


Ela rabiscou alguns traços na folha que estava em branco. Olhou centenas de vezes para aquelas linhas que formavam um desenho. Apagou, desenhou, apagou, desenhou. Analisou novamente. Estava bom, aquilo era o que ela queria. Seu irmão mais novo se aproximou.
- O que é isso, Rebeca? Um monte de linhas tortas?
- Vitor, isso é um desenho!
- Pois eu não vejo nada aí, só um monte de rabisco!
Ela ficou quieta. Aquilo definitivamente não era um bolo de rabiscos.
- Como assim um monte de rabisco? Olhe aqui, você não vê nada?
- Não! O que é isso Rebeca?
- Isso é o meu sonho, Vitor. Veja todos esses traços que formam diversas coisas! Como você pode não ver? 
- Triste ver que isso é o seu sonho! - seu irmão debochou e foi embora rindo.
Vitor podia não ver, mas aquilo era sim um desenho. Não importa se ele não conseguia ver. Todas aquelas linhas levavam sempre ao mesmo lugar, havia uma estrada, um ser que caminhava, havia sonhos mergulhados em nuvens, havia felicidade e amor, havia algumas lágrimas também. Porque como já havia dito uma grande poetisa "perder-se também é caminho". E aquilo tudo, querendo ou não, era o seu sonho, e Rebeca faria de tudo para torná-lo real!

Lígia G. V.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Vivemos para sermos felizes


     E de repente eu comecei a perceber que muita gente era mais triste que feliz. Por que desejar ser triste, quando se pode ser feliz? Por que deixar escapar as pequenas grandezas que nos deixam felizes? As pessoas têm tristeza nos olhos, e até mesmo naqueles sorrisos que mascaram o que elas realmente sentem! Todo mundo tem direito de se sentir triste, mas não de tornar a vida melancólica. Porque a vida é muito mais do que uma decepção ou arrependimento, e a verdade é que não estamos aqui para vivermos trancados em caixas onde só existe o sofrimento. Estamos aqui para viver! Viver e ser feliz! Viver e amar o outro, e a nós mesmos. Espalhar alegria, levar luz para todos!
   O sofrimento existe, mas ele não deve ser ampliado, nem duplicado ou até mesmo triplicado. Ele deve ser visto como um aprendizado que nos faz crescer. E se nos dermos conta perceberemos que nossos problemas são muito pequenos diante da imensidão do universo e a grandeza da vida.
Enfim, vivemos para sermos felizes, para crescer, para amar e sermos amados, para ajudar e iluminar. Porque sim, nós também somos luz!

Lígia Gosciola Vizeu
Luz e paz para todos nós!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Nem tudo precisa ser silenciado





    - Há algo dentro de mim que tem feito barulho já faz muito tempo. Às vezes me enlouquece! Eu já tentei silenciá-lo, mas não adianta, ele volta logo em seguida. O que eu devo fazer Adrenah?
    - Por que você deseja silenciar o que está te chamando a atenção, Selene? Algumas coisas existem para nos guiar e no seu caso você deve ouvir o que você diz que te perturba. Você procurou tanto por isso e agora deseja calá-lo! Por que, minha querida?
    Selene ficou quieta, enquanto algo remexia dentro dela. Ela havia procurado muito por aquilo e sempre estivera dentro dela. Ela tinha as próprias respostas. Ela tinha dentro dela todo um caminho a seguir e não havia motivo algum para ignorar aquele grande destino que surgia diante dela...

     Lígia G. V.
     Luz e paz!