quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

      Suas palavras fétidas mal podem ser entendidas. Seus olhos vermelhos me entristecem e me fazem lembrar de um tempo remoto. Seu passado está inteiro sob poeira e terra. Mesmo assim é capaz de desenterrá-lo. Ah, parece tão pobre agora. Sem bens, sem vida, sem ar. O cheiro de bebida me enlouquece. Perdeu-se tão rapidamente... parece impossível trazê-lo de volta!
     - Acorde Roberto, acorde!
     Dá dois passos e cai na cama, seus olhos agora transbordando em lágrimas.
     - Veja Maria, veja o que meus problemas fizeram comigo!
     - Seus problemas não têm culpa. Você conhece muito bem o culpado, Roberto!
     Pega a taça de vinho. Dá dois grandes goles e a taça cai no chão. O vinho faz todo o trajeto pelo seu corpo cansado. Seu coração pulsa fraco. Segura o cigarro e dá uma tragada. A fumaça sai em forma de morte. O vinho bebido faz o trajeto de volta e chega a sua boca novamente e este transborda e pinga no lençol neve. A bebida se mistura com o sangue. Eu grito.
      Nossos corações param de bater...

      Lígia G. V.

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