segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O que sou? O que és?

"Posso ser o que eu quero, não é?" "Posso ser o infinito!", minha mente era uma tempestade. "Posso voar e alcançar as estrelas!". Mas não, eu não podia. Mas talvez se eu desejasse muito, eu conseguisse. "Continue desejando, apenas continue".
Quem dera fosse simples assim. As pessoas ao redor me achavam louca. Dane-se. A loucura nunca me levou a perfeição. E a perfeição é o oposto de tudo aquilo que sempre busquei. Sempre desejei uma vida diferente, uma vida desencanada. O perfeito me causa repulsa.
E ali, com a cabeça no travesseiro, traçava planos sem datas para se concretizarem. Talvez fizesse isso porque antes, quando eu determinava datas, eles nunca se realizavam. Agora eu apenas imaginava...
Eu não sei porque, mas apareceram na minha frente, dois olhos grandes e belos. Com cor de caramelo. Eram simbólicos... atraiam-me.
- De quem são esses olhos?- indaguei
- Seus.- respondeu-me uma voz.
- Não podem ser meus! São tão... tão...
- Desafiadores. Sim.- disse outra vez a voz- Mas são belos. Olhe lá, quantos sonhos existem neles. Paisagens refletidas de ares nunca vistos. Interessante. Eles não suplicam, não invejam, não maltratam. Apenas buscam. Buscar é bom de vez em quando.
Procurei pelo dono da voz, mas não encontrei ninguém.
- Não me encontrará! Estou aqui apenas para mostrar a você, que você estava certa. Você pode ser o que você quiser!
- Quem é você? - perguntei
Nada aconteceu. Não sei como fui parar ali, estava deitada em uma banheira e a água do chuveiro caia sobre o meu cabelo quando acordei. E num ato repentino, quando eu não pensava mais na voz que me dissera tantas coisas, tive a resposta: "sou o que os seus olhos desejarem."
                                                                                                                               
Lígia G. V.

Nenhum comentário:

Postar um comentário