"Seus pés deslizavam pela calçada bruta. As buzinas ao redor me enlouquecem. Não há nada a fazer. Seus olhos suplicam ao céu desejos impossíveis aos olhos dos rotineiros. Seu olhar volta ao chão. Assisto tudo a uma certa distância. Não sinto medo. Você sente? Suas vestes imundas me levam a acreditar que ele nada tem, mas tudo tem. Acena para a moça do carro, mas ela nada faz. Os vidros escuros a impossibilitam de vê-lo. O homem angustia, se desespera. Olha para o céu novamente. Suas mãos se apertam, e eu me dirijo a ele.
-Olá. O senhor está bem?
-O que faz aqui? O que faço aqui?
Pareceu-me perturbado. Seus olhos me fitam incompreendidos.
-Porque ainda não correu? Porque está falando comigo? Todos me ignoraram quando eu chamei. Clamei, gritei, pedi, e nada fizeram!
-Não vou correr! Correr para quê? Correr para onde? O senhor parece perdido.
-A senhorita também"
Trecho do meu conto: O som de uma voz
Luz e paz!
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