sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Violeta




Tem nos olhos uma nova cor,
cor de paz e de luz.
Tem no sorriso um novo brilho,
repleto de som e amor.
Caminha de um modo novo ,
E ri com novos tons.
Tem a cor da neve, da água, do vento.
Tem a intensidade do fogo e da tempestade.
Gosta dos novos horizontes
E todo dia ajuda uma nova flor a nascer.
Canta com os olhos,
Dança pelas nuvens.
O que sente já não é explicável.
O tempo perdeu-se em tudo.
E tudo agora se tornou um só.
É uma flor de lótus,
E agora está sempre à flor da pele.
Tem nos olhos uma nova cor,
A cor da luz de Saint Germain.

Lígia G. V.
Luz e paz! 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012


          Em segredo eu ainda alimento aquele sonho. Aquele que tenho desde menina e que cresceu durante o tempo. Alimento em segredo para que ninguém me venha dizer que é impossível, para que ninguém me desencoraje. E mesmo que pareça impossível jamais iria desistir, porque ele me fez ser o que sou hoje e agora, e o que serei também amanhã.

                                                              Lígia G. V.
                                                               Luz e paz!

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Esquecer...



Seus olhos estão perdendo a cor, e seu sorriso já se confunde a tantos outros. O seu riso já não tem som e os seus passos começaram a sumir. Eu só queria que você permanecesse intacto em minha memória.

Lígia G. V.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

E quando ela virou o seu rosto eu pude ver novamente o olhar que por tantos anos esperei. Milhões de estrelas se uniam e juntas formavam os olhos daquela linda menina. Seu cabelo já não era ruivo e seus olhos já não eram verdes, mas ainda era aquela que eu tanto amara. 
- Qual é o seu nome? - eu perguntei mesmo conhecendo a resposta.
- Lilian. - e então ela sorriu.
Agora ela se chamava Lilian, mas como há tantos anos eu falei, aquele menina a minha frente sempre voltaria e sempre traria luz. E teria sempre a alma de uma guerreira e um amor sem tamanho. Ela seria para sempre Lihana. E eu seria para sempre Adrenah.

Lígia G. V.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Deixe a luz entrar


Veja que o sol já nasce e leva embora a escuridão.
Banha de luz a vida e preenche o frio coração.
Veja que você não é tão pequeno quanto imagina
e que junto a tantos outros sua grandeza aumenta.
Ouça o som do universo que traz o amor e a paz 
e que aos poucos transforma quem você é
e transforma-se em você.
Lembre-se do que quiser lembrar,
sonhe o que quiser sonhar.
Veja que as estrelas já brilham no céu escuro da noite
e ao seu modo trazem luz a quem quiser vê-la.
e a quem desejar sê-la!

Muita luz e paz!
Lígia G. V.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O mar, a chama, a Flor, o vento

Ilustração de Josephine Wall

A cada canto, a cada som,
a cada cor, a cada dança,
uma pétala nova se abre.
A cada giro, a cada amor,
a cada canção, a cada olhar,
uma nova semente brota.
A cada sorriso, a cada gota,
a cada sol, a cada mestre,
um novo verde surge.
A cada vento, a cada onda,
a cada folha, a cada chama,
uma nova etapa começa.
Com suas flores, suas danças.
Suas rodas, seus cantos.
Sua magia e sua beleza.

Lígia G. V.
Luz e paz.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012



Gritamos com a voz,
com os olhos,
com o corpo.

Gritamos através de um desenho e
de um poema escrito em um caderno velho.
Gritamos através da música e da dança.

Gritamos por estarmos presos entre quatro paredes durante anos.
Muitos gritam sem ao menos saber que gritam.
Gritamos também por aqueles que se calam.

Gritamos porque às vezes escutamos que devemos deixar o sonho para depois.
Gritamos porque nos sentimos presos em uma realidade sem felicidade.

Gritamos porque somos obrigados a sentar corretamente o tempo todo
e a calar a voz quando queremos mostrar a verdade.
Gritamos porque não suportamos a falsidade e superficialidade.

Não gritamos apenas por gritar,
gritamos para sermos ouvidos,
para sermos compreendidos.

Gritamos por mudança,
por transformação
e renovação.

Gritamos por um sistema novo,
por mais imaginação e compreensão.
Gritamos por mais respeito e liberdade.
Gritamos por nossos sonhos
e por mais amor!

Gritamos por menos status e aparência.
Gritamos por mais essência! 

Gritamos tanto tempo e de tantas formas e por algo melhor
e ainda assim somos chamados de adolescentes rebeldes.

Quantos gritos mais terão que ser dados para que as pessoas despertem
e finalmente as coisas mudem?

Lígia G. V.

quinta-feira, 26 de julho de 2012


E havia ainda aquela vontade inexplicável de viver. Eu trazia para perto o vento e a água. O raio e o trovão. Tudo aquilo que fazia com que eu me sentisse viva. E a menina ao lado olhava-me assustada.
- Deixe que a ventania chegue. Pois eu também sou tempestade!

Lígia G. V.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Apenas palavras

Veja essa cortina que cobre agora tudo o que pode ser.
Veja aqueles rostos lá longe que riem do que um dia foi.
Lembre de como aqueles olhos um dia foram maldosos,
de como corpo julgava corpo,
de como matéria julgava a ausência dela.
Agora respire.

Lembre de como era ouvir aquele som ensurdecedor.
De como era ouvir o riso abafado de crianças presas.
Desperte, pois já não há nada agora.

Veja aquele casaco que confortava aquela alma fria,
perdida em caminhos tortos.
Veja aquela flor seca,
que um dia floresceu cheia de vida e aroma.
Agora respire.

Olhe para o seu lado e veja você.
Aquele que deseja ser.
Aquele que deseja ver e viver.
Agora respire.
Respire, pois não há nada no agora.
Há apenas silêncio... e amor.

Palavras são palavras... Mas elas podem fazer algum sentido se por alguma razão elas te tocarem!
Lígia G. V.
Luz e paz!

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Quando você enlouquece...




Eu ouvi você dizer que seus sonhos estavam todos espelhados pelo chão.
Ouvi você chorar, enquanto corria  para outra direção.
Vi seus olhos procurarem no céu uma razão para o que acontecia.
Quando você gritava e dizia que tudo estava errado, eu apenas sorria. 
Eu disse que seu coração era forte para enfrentar a tempestade.
Mas você preferiu se esconder enquanto o vento tocava o meu rosto. 
Eu tentei te achar, mas você insistia em fugir.
E quando eu já estava tão próxima você corria para os meus braços.
Quando as flores abriam eu via você sorrir,
e então seus olhos diziam que tudo estava bem.
O verão se foi mais uma vez,
levando toda a sua sanidade.
Eu ouvi você cantar a sua melhor canção,
enquanto tudo acabava e o inverno chegava.
Você costumava dançar com os pés no chão,
enquanto minhas asas me levavam ao céu.
A vida parecia tão bela quando você recitava poemas.
O seu mundo interior desmoronava,
suas palavras não tinham som,
 e sua letra não tinha forma...
Você mergulhou na loucura,
enquanto eu lia tudo o que você era.
Eu ouvi dizer que poetas perdiam a inspiração
e se perdiam em um lugar qualquer.
Mas da sua loucura formaram-se as palavras,
e aos poucos os seus sonhos estavam todos pregados na parede.
Eu vi as lágrimas caírem dos seus olhos.
Você me disse que tudo estava bem,
mas ainda chovia muito lá fora.
Eu vi o tempo correr
e o sol nascer.
Eu caminhei ao seu lado, feliz.
Eu te mostrei o mundo
e você me deu o universo.
E quando as flores se abriram você sorriu mais uma vez,
e tudo voltou a ser como era....
Doce e azedo,
infinito e mortal...


Lígia G. V.

quarta-feira, 20 de junho de 2012


Enquanto fugia ela ouvia os cavalos correrem a sua procura. Seus pés descalços pisavam nas folhas secas e geladas. As lágrimas rolavam pelo seu rosto entristecido e amedrontado. As imagens jamais sairiam de sua mente, era o que ela acreditava. Tudo o que ela mais amava havia sido tirado de sua vida. Jamais havia sentido tanto medo. Tinha medo de morrer como todos os outros, mas também de viver em um mundo solitário. Havia lutado tanto para que aquilo não acontecesse que agora tinha a impressão de que nada havia valido a pena.  E quando, já muito cansada, caíra no chão, ela vira pela última vez aqueles lindos olhos cinzas a fitarem.

Lígia G. V.
Luz e paz!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Sophia e o reino de Luzio


            - Caminhe, menina. Caminhe o quanto puder. - dizia a imagem que se projetou diante dos olhos entusiasmados de Sophia. - Se você continuar aqui o frio congelará seu corpo.
            Sophia olhou para o homem que segurava uma espécie de varinha e tinha os cabelos cor de fogo espetados. Numa doce alegria a menina riu. Jamais congelaria.
            - Está enganado, meu amigo. Eu poderia passar a noite nesta estrada e continuaria quente como uma brasa. Caminho junto a felicidade, e uma companhia como esta não pode trazer a morte, não é?! - ela olhou para os olhos arregalados do moço.
            - Você é quem está enganada... - já começava a dizer quando percebeu algo em Sophia. - No seu caso não. Mas apenas porque você carrega também a magia, assim como eu. - ele sorriu.
            - Então venha comigo, senhor..? - perguntou Sophia.
            - Luzio. Luzio é o meu nome.
            - Venha comigo Luzio. A noite hoje está mágica. E dizem as estrelas que há muito para vermos.
          Sophia e Luzio caminharam pelo longa estrada. Seus passos ficavam marcados na neve fofa e branca, mas aos poucos se perdiam, mostrando que a vida também era feita de efemeridade. Sophia desejava viver altas aventuras, a pequena menina de apenas 10 anos era sapeca e muito inteligente. Havia saído de casa uma semana antes do Natal e pelas suas vestes era possível ver que ela tinha uma vida muito boa. Porém, por algum motivo ela desejava algo mais do que tudo o que já tinha. 
            - O que uma menina tão jovem faz sozinha no meio desta estrada? - perguntou Luzio.
          - Sou muito feliz - começou ela - e grata por tudo o que tenho. Mas eu queria provar que as histórias que minha mãe lê para mim são reais. Um dia ouvi dizer que o coelho de Alice no País das Maravilhas corre apressado por este mundo. - ela sorriu entusiasmada. - E se ele existe, então Alice também há de existir. Assim como todos os outros personagens dos contos de fadas. - Sophia olhou misteriosa para Luzio - Há algo em você que me lembra o Chapeleiro Maluco.
           - Eu não sou o Chapeleiro Maluco, minha cara. Sou Luzio. E você certamente não é Alice.
          - É claro que não! Eu sou Sophia! Mas você não acha que eu tenho razão, Luzio?
            - Acredito que sim. Se é que alguém viu mesmo o tal do coelho. - ele revirou os olhos.
           Ainda andando Sophia se lembrou que jamais deveria falar com estranhos.
          - O que você faz aqui? Por que está aqui? Para onde está me levando? - perguntou a menina esperta.
           - Ora, não seja louca. Eu vivo por aqui. Sou um ser mágico, faço parte deste mundo. 
          - Que mundo?
          - Este. - apontou Luzio.
           Na frente dos dois havia uma linda aldeia cheia de pequenas luzes amareladas. Lindas casinhas de tijolos onde pessoas alegres dançavam. Sophia sorriu. 
          - Você mora aqui? - perguntou.
          - Sim. Venha comigo.
          Eles andaram até o centro da aldeia, onde a claridade era pouca. 
           - Olhe para o céu, Sophia. - disse Luzio.
           Sophia obedeceu. Ao olhar para o céu ela viu pequenas partículas brilhantes caindo. Apenas ali não nevava.
           - É o brilho das estrelas. Ele cai sobre nós esta época do ano. Não é lindo?
           - É mágico. - Sophia riu.
           As pessoas riam e cantavam, enquanto crianças brincavam com o pó das estrelas. O frio ali parecia ter ido embora.
           - Você pode ficar aqui esta noite se preferir. Minha casa é logo ao lado e há muitas crianças da sua idade.
           - Eu adoraria ficar. - Ela sorriu entusiasmada.
           Sophia não sabia, mas ela jamais voltaria para casa. Não porque não desejasse, mas porque aquele era o seu mundo e a sua história. O que ela ainda não havia percebido é que ela era uma personagem dos contos de fadas assim como Branca de Neve e Cinderella e tudo ali era mágico. Sua história contava muito mais do que a noite em que chegara ali e mais tarde ela seria conhecida como Sophia, de Sophia e o reino de Luzio. E quem sabe, algum dia, alguém a visse andando pela linda estrada de neve assim como tinham visto o coelho de Alice.

             Lígia G. V.
             Luz e paz!
           

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Para sempre Lihana

Depois de ver tudo acabar
e de tanto correr.
Depois de viver
e de tanto sonhar...
Depois de lutar
e de tanto chorar...
Eu a vi cair,
como jamais havia visto.
Depois de tanto amar 
e de tanto sorrir,
eu a vi dormir para sempre.
O nosso mundo mergulhou em escuridão,
e nós perdemos a sua luz
e o seu doce olhar.
A sua magia e sua paz.
Depois de morrer,
e de tanto caminhar,
depois de tanto tempo
e de tanto procurar, 
eu a vi voltar.
Com o mesmo doce olhar,
e a mesma alegre voz.
O mesmo amor
e a mesma magia.
Depois de todo o vazio
e todo o frio,
eu a vi trazer o calor 
a este mundo novamente.
Depois de tanta angustia
e de toda a espera
eu finalmente a vi renascer!

Lígia Gosciola Vizeu

terça-feira, 8 de maio de 2012

A menina que pintava folhas - Parte 1


                                                                               Ilustração de Josephine Wall
                
               Aos poucos as folhas secas e avermelhadas caiam das árvores dando leveza ao parque. A leveza que poucos conseguiam ver. A leveza e a pureza da efemeridade. A natureza era frágil e bela; a vida tornava-se aos poucos marginalizada. O essencial se perdia nos altos muros luxuosos das casas ao redor.
                O universo encarregava-se de muitas coisas. Coisas poderosas. Ele trazia a simplicidade banhada em riqueza. A riqueza banhada em poeira cósmica. Buscava seres belos para cumprirem jornadas, às vezes interrompidas por destinos quebrados. Nem sempre seus resultados eram belos. Afinal, nem tudo é só beleza. A vida trazia a tristeza em muitos momentos. E esta era completamente mostrada nos corpos dos seres humanos. Eles falavam com seus gestos, com os olhos, com os pensamentos perdidos nas armadilhas do ego e da mente.  A vida era perigosa se você não soubesse onde estavam os buracos. A luz ajudaria qualquer um que estivesse em perigo, bastava acreditar. Mas essa era uma tarefa muito difícil para alguns.
                Ouvia-se, havia muito tempo, que os olhos eram as janelas da alma. E não havia algo mais belo, na realidade humana, do que um puro e sincero olhar. Gostava-se do que se destacava, apesar de muitos dizerem odiar. Era ruim admitir isso, uma vez que poderosos incentivavam a discriminação para aqueles que apoiassem o diferente.
                Em uma pequena cidade, tomada pela alegria e magia, contavam-se muitas lendas. Desde simples ratos pequenos comedores de gente, até grandes magos e reis. A maioria não acreditava no que ouvia, mas os olhos das crianças brilhavam ao ouvir histórias sobre fadas, princesas, elfos e duendes. A magia estava no coração de cada anjo que ali morava, e era por isso que a beleza ainda sobrevivia.
             Uma bela noite, quando a lua estava cheia, uma linda garotinha pediu para que sua mãe lhe contasse uma lenda. A mãe a colocou na cama e a cobriu. A menina esperava ansiosamente. Sua mãe sorrindo pegou um embrulho que estava embaixo do abajur e o entregou para a filha. Ela, entusiasmada, abriu o presente rapidamente.  A pequenina foi tomada por uma alegria tremenda e seus olhos aguaram ao ler a capa “A menina que pintava folhas”. A mãe abriu o livro e começou a ler.
                “Em uma linda noite, quando as estrelas brilhavam intensamente e as fadas bailavam no ar, uma linda garotinha nasceu. Era bela e pequenina. Alguns diziam que ela tinha uma mancha no pé que se parecia muito com uma folha de outono. A imaginação era capaz de criar muitas coisas. Sua mãe não via nada no pé pequeno da filha, e muita gente dizia que aquilo era apenas um boato.
                Alguns sentiam medo da menininha, porque ela sorria grande parte do tempo e seu olhar era puro e simbólico. As crianças, ao contrário de muitos adultos, a adoravam. Diziam que ela parecia muito com uma bonequinha.
                - Como ela se chama? – perguntou uma criança.
                - Ágata – respondeu a mãe.
                A criança saiu correndo e se juntou a um grupo de meninas. Ouviam-se apenas sussurros, mas era notável que elas falavam sobre o nome da mais jovem criança da vila.Algo que elas faziam sempre que   uma nova pessoa nascia. Elas pareciam felizes e contentes. Logo a mesma criança correu em direção a mãe de Ágata.
                - Ágata é um belo nome. Nós gostamos muito dela. – disse a menina rindo com os olhos.
                - Obrigada, doce Esmeralda – respondeu.
                A noite caiu e Ágata dormia tranquilamente. As folhas de outono continuavam a cair do lado de fora. Sua mãe se agitava na cama, mas continuava a dormir. A janela se abriu devagar, e por ela entraram muitas fadas, lindas e cheias de brilho, carregando uma corrente. 
                Ao chegar ao bercinho, as fadas colocaram no pescoço da pequenina uma linda corrente de ouro, com um pequeno pingente de uma folha de outono. Atrás estava grafado “Ágata”. Neste momento o corpo da menina brilhou. Seu destino estava traçado.
                A mãe percebeu que algo acontecia no local e se mexeu, as fadas com pressa, voaram para fora, e mandaram no ar um beijo para a menina. A mãe levantou assustada, mas logo percebeu que estava tudo bem. Porém notou que havia uma corrente no pescoço da filha. Ela sabia o que era aquilo. Naquele lugar, todos que acreditavam na vida banhada em magia ganhavam um colar quando eram jovens. Ela mesma tinha um. A questão é que Ágata era muito pequena para saber o que era a magia. Algo muito grande acontecia ali e a história da menina que nascera ficaria marcada para sempre”.

                Lígia Gosciola Vizeu
                Luz e paz!

segunda-feira, 30 de abril de 2012

        
       De vez em quando a vida bate na gente. Nos arremessa para longe e a força com que batemos no chão é tão forte que nos faz perder os sentidos. Mas sempre que isso acontece, a vida faz questão, também, de nos trazer de volta e mostrar que o que tínhamos antes ou o que queríamos ter não é nada comparado ao que éramos e ao que somos agora. De vez em quando a gente precisa de um chacoalhão para perceber que a vida é muito mais que simples vontades que um dia passam e acabam, que a vida é muito mais do que tudo o que vemos agora!

     Lígia G. V.
     Luz e paz!

quarta-feira, 25 de abril de 2012


Vi o mundo tecer minha teia.
A noite morrer num soluço,
e o dia nascer numa centelha.


Lígia G. V.
Luz e paz!



segunda-feira, 16 de abril de 2012


Ela insistia em parecer fria enquanto por dentro esquentava o seu coração. O inverno seria forte esse ano e era melhor ela se agasalhar bem se quisesse que ele não adentrasse seu interior.


Trecho do meu conto Tardes de outono.
Lígia G. V.

quarta-feira, 28 de março de 2012



Ela sentou no banco velho do trem. Com uma mão colocou a sua mala pesada de couro no chão e com a outra segurou a mão quente de sua filha Louise. Enrolou o cachecol envolta de seu pescoço e colocou a filha no colo. Fazia muito frio aquele dia. 
- Mamãe, o papai não virá? - perguntou a pequena.
- Não minha filha, ele não virá! - respondeu Clarissa.
- Por que não? Eu nem disse tchau a ele, mamãe!
- Existem certas coisas que não posso explicar para você agora, Louise. Você terá que ser paciente e compreensiva, está bem?
- Tudo bem! - respondeu ela sorrindo.
O trem começou a partir e Clarissa olhou a paisagem do seu lar se afastando cada vez mais. As árvores branquinhas cobertas de neve, um cachorro que latia freneticamente, milhares de acontecimentos que haviam marcado sua vida. Uma lágrima doce rolou pelo seu rosto e antes que Clarissa pudesse enxugá-la ela já havia caído no pequeno corpo de sua filha de 5 anos. Louise olhou para sua mãe tentando entender porque ela estava chorando. Abraçou-a com força, muita força...
- Mamãe, por que estamos indo embora?
- Às vezes, minha querida, dói deixar para trás as coisas de que gostamos. Mas quando não há mais espaço para nós em algumas situações, nós simplesmente temos que partir e procurar novas coisas, novos rumos.- ela olhou para o rosto triste da filha. - Louise, você não deve ficar triste. As coisas ficarão bem.
- É claro que vão, mamãe. As coisas sempre ficam bem! - ela sorriu. 
Clarissa assentiu e sorriu de volta para a filha. Do lado de fora flocos de neve começaram a cair, e Clarissa lembrou que o inverno estava apenas começando. Por mais que o frio tentasse entrar, ela faria de tudo para que ele passasse bem longe dela e de sua amada filha.

Lígia G. V.

terça-feira, 20 de março de 2012

Sonhar...


Ela rabiscou alguns traços na folha que estava em branco. Olhou centenas de vezes para aquelas linhas que formavam um desenho. Apagou, desenhou, apagou, desenhou. Analisou novamente. Estava bom, aquilo era o que ela queria. Seu irmão mais novo se aproximou.
- O que é isso, Rebeca? Um monte de linhas tortas?
- Vitor, isso é um desenho!
- Pois eu não vejo nada aí, só um monte de rabisco!
Ela ficou quieta. Aquilo definitivamente não era um bolo de rabiscos.
- Como assim um monte de rabisco? Olhe aqui, você não vê nada?
- Não! O que é isso Rebeca?
- Isso é o meu sonho, Vitor. Veja todos esses traços que formam diversas coisas! Como você pode não ver? 
- Triste ver que isso é o seu sonho! - seu irmão debochou e foi embora rindo.
Vitor podia não ver, mas aquilo era sim um desenho. Não importa se ele não conseguia ver. Todas aquelas linhas levavam sempre ao mesmo lugar, havia uma estrada, um ser que caminhava, havia sonhos mergulhados em nuvens, havia felicidade e amor, havia algumas lágrimas também. Porque como já havia dito uma grande poetisa "perder-se também é caminho". E aquilo tudo, querendo ou não, era o seu sonho, e Rebeca faria de tudo para torná-lo real!

Lígia G. V.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Vivemos para sermos felizes


     E de repente eu comecei a perceber que muita gente era mais triste que feliz. Por que desejar ser triste, quando se pode ser feliz? Por que deixar escapar as pequenas grandezas que nos deixam felizes? As pessoas têm tristeza nos olhos, e até mesmo naqueles sorrisos que mascaram o que elas realmente sentem! Todo mundo tem direito de se sentir triste, mas não de tornar a vida melancólica. Porque a vida é muito mais do que uma decepção ou arrependimento, e a verdade é que não estamos aqui para vivermos trancados em caixas onde só existe o sofrimento. Estamos aqui para viver! Viver e ser feliz! Viver e amar o outro, e a nós mesmos. Espalhar alegria, levar luz para todos!
   O sofrimento existe, mas ele não deve ser ampliado, nem duplicado ou até mesmo triplicado. Ele deve ser visto como um aprendizado que nos faz crescer. E se nos dermos conta perceberemos que nossos problemas são muito pequenos diante da imensidão do universo e a grandeza da vida.
Enfim, vivemos para sermos felizes, para crescer, para amar e sermos amados, para ajudar e iluminar. Porque sim, nós também somos luz!

Lígia Gosciola Vizeu
Luz e paz para todos nós!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Nem tudo precisa ser silenciado





    - Há algo dentro de mim que tem feito barulho já faz muito tempo. Às vezes me enlouquece! Eu já tentei silenciá-lo, mas não adianta, ele volta logo em seguida. O que eu devo fazer Adrenah?
    - Por que você deseja silenciar o que está te chamando a atenção, Selene? Algumas coisas existem para nos guiar e no seu caso você deve ouvir o que você diz que te perturba. Você procurou tanto por isso e agora deseja calá-lo! Por que, minha querida?
    Selene ficou quieta, enquanto algo remexia dentro dela. Ela havia procurado muito por aquilo e sempre estivera dentro dela. Ela tinha as próprias respostas. Ela tinha dentro dela todo um caminho a seguir e não havia motivo algum para ignorar aquele grande destino que surgia diante dela...

     Lígia G. V.
     Luz e paz!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

     
      Não houve uma noite em que deixei de desejar ver a Lua no céu escuro da noite. Eu estava a dias aprisionada naquele grande castelo, onde a alma não era sentida e o espírito nada dizia. Eu queria sentir o calor do sol e a fúria dos ventos. Eu queria tocar os meus pés na terra quente e senti-la pulsar. Mas agora eu era uma rainha. A rainha do castelo perdido em desejos humanos e materiais. Eu não era aquela mulher. Eu não buscava um rei para me casar e ter a casa preenchida de pequenas crianças. Eu nasci para ser livre e a liberdade me fazia falta. Por isso eu desafiei aquele rei a quem eu tivera que jurar lealdade, mas que não era meu, e com coragem o abandonei. E foi com tamanha felicidade que o fiz.
      Do lado de fora eu pude sentir minha vida voltar, eu conseguia sentir o vento e junto dele todo o amor. Eu era a natureza e eu só tinha a ela. Lá em cima pude ver a Lua brilhar como sempre e rir para mim. Eu era filha da Lua novamente. Eu era de novo Selene, a Rainha da Lua.

      Luz e paz!
      Lígia G. V.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Para você

                                                          Ilustração de Josephine Wall

    Noite passada fiquei deitada na grama por um bom tempo, só observando as estrelas. Lembrei-me de você e de mim. De quando eu fazia isso todos os dias. De como era bom sentir o vento fresco tocar o meu rosto... O tempo passou depressa!
    Observando as estrelas eu percebi que o universo dava um jeito de trazer a luz a escuridão, e que ela estaria onde nós desejássemos. Lembra quando você dizia que o mundo iria acabar? Pois é, ainda bem que isso era só uma brincadeira sua, pois as coisas estão bem diferentes agora, diferentes num bom sentido. Eu posso sentir isso, e eu sei que você também pode.
      E agora quando eu olho para o céu, eu já não procuro o que eu tanto procurei, porque eu sei que está lá de qualquer forma, mesmo que eu não possa ver. O que a gente tanto esperou que acontecesse, enfim, já está acontecendo...

Luz e paz!
Lígia G. V.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

         Meu vestido branco todo florido indicava que o verão estava no ápice, o calor me enlouquecia, e talvez por isso eu imaginasse coisas que não aconteciam. Meu coração bateu rápido e eu respirei fundo mais uma vez. Não há o que temer, eu pensei. Depois de algum tempo eu finalmente tomei coragem e abri a porta. Ela estava lá, sentada em uma poltrona. Ela era linda, como eu sempre imaginei! Eu não sabia o que fazer, não sabia porque eu estava ali. Ela olhou no meus olhos, e pude perceber que seus olhos azuis eram tão profundos quanto o céu.
          - Você tem me procurado já faz muito tempo, não é mesmo?
          - Tenho. - eu respondi.
          - E por que você me procura?
          - Eu não sei.
        - Hm. Eu posso ter acesso a sua mente. Quantas vezes você imaginou esse encontro, hein?!- ela sorriu.
          Eu fiquei vermelha. Meu Deus, ela tem acesso a quem eu sou. Isso é ruim?
         - Não, minha querida, isso não é ruim. Ruim seria se você fingisse ser o que você é!- ela sorriu. - Tem certeza que você não sabe porque me procura?
          Eu pensei durante algum tempo, chegando a conclusão de que eu sabia o porque, e ela também.
        - Eu te procuro porque você pode me ajudar.
        - Ajudar em que, meu anjo?
        - A descobrir que eu sou. - eu olhei para o chão.
        - Sim, sim. Eu entendo. Todo ser humano deseja saber o que veio fazer aqui e quem realmente é. Mas por que precisa de mim para isso?
        - Não sei, você tem ligação com algo que eu não tenho. E eu pensei que por isso você pudesse me ajudar.
     - Todo mundo tem essa ligação, criança. Está dentro de você. Você é ela! Eu posso te ajudar a despertá-la, mas daí em diante eu não serei mais necessária.
         Eu sorri sem jeito. Não conseguia acreditar direito no que ela dizia.
         - Eu também não acreditava quando isso foi dito a mim. Mas eu descobri que isso era verdade. Você é este universo, e você também é Deus. Eu estarei com você sempre que precisar. Eu sou sua amiga e sou sua irmã. - ela sorriu.- Confie em você.
      Eu fiquei olhando para ela até que ela desapareceu. Eu havia criado toda aquela situação? Havia imaginado?    
        O calor podia ter causado os meus outros delírios, mas esse definitivamente foi real. E agora eu sabia que quando eu a chamasse ela estaria ao meu lado!

      Luz e paz!
      Lígia G. V.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

                Um dia eu ouvi dizer que o amor só morre quando morremos.
                Mas eu sei que isso não é verdade, pois o amor é eterno assim como eu.
                Eu queria mesmo é que minha professora acreditasse que o amor cura tudo.
                Mas ela me disse que o amor é que lhe causa a dor, e de dor ninguém gosta.
            Eu disse a ela que isso não é verdade, porque o verdadeiro amor não causa nada a não ser amor e coisas boas. Quem lhe causava a dor era ela mesma que se deixava ferir por palavras e atos feitos por alguém.
               Ela ficou brava comigo e disse que eu não entendia nada sobre isso pois era só uma criança
                - Você está brava porque sabe que é verdade. O amor não existe para machucar e depois deixar cicatrizes na vida das pessoas. Ele existe para curar tudo isso.
                
               Lígia G. V.
               Luz e paz!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A Luz que há em você - final


                                                             Ilustração de Josephine Wall

                - Olá! – sua voz era suave.
                - Oi. – eu respondi ainda atordoado. – Eu só estava vendo você...
                - Dançar. – ela riu.- Eu sei. Eu vi você chegar! – ela sorriu para mim.
                - Não te preocupa que eu possa contar a alguém o que eu vi?
                - Não! – ela respondeu firmemente. – Porque eu sei que você não contaria. Eu sei que você tem aí dentro o mesmo que eu tenho dentro de mim. – seus olhos brilharam e por um momento eu tive impressão que eles espalhavam luz pelo mundo.
                - Por que você dança? – eu perguntei.
                - Eu danço porque a dança faz parte de mim. Eu sou a música, eu sou a dança e eu sou a luz.
                - Mas como você fez surgir essas flores?
                - Não importa como elas surgiram. Elas só apareceram porque eu tenho amor dentro de mim. O amor incondicional. – ela sorriu. - Quando eu danço esse amor envolve tudo o que está ao meu redor, e isso faz com que a beleza apareça.
                Eu ficou em silêncio, apenas olhando para mim, e depois retornou a falar:
                - Você tem isso dentro de você, querido. Sim, você também tem essa luz e esse amor. Eu estou aqui para que você desperte do que te aprisiona. Para te mostrar que você, assim como todos, pode espalhar beleza a esse mundo que aos poucos morre.
                Eu fiquei olhando-a sem entender muita coisa, mas eu sabia que ela tinha razão, ela falava a verdade. Pois do meu jeito eu já levava a felicidade para as pessoas. Eu gostava de vê-las sorrirem e de ouvi-las dizerem que amavam a vida e amavam o universo. Aos poucos eu mostrava a elas o caminho até a luz.
                Eu passei a dançar. Dançava todos os dias ao lado de Heloísa. E quando eu dançava eu via uma luz sair de mim e iluminar tudo e todos a minha volta. Eu era aquela luz que levava alegria e amor ao mundo. Eu sou essa luz! Mas nem tudo foi fácil, eu tive que quebrar muitas barreiras que havia colocado em minha vida para alcançar o que alcancei.
                Muitas vezes eu vi surgir no rosto triste de uma criança um lindo sorriso, provocado apenas por me ver dançar. Eu levava a esperança aos corações despedaçados e fragilizados. Eu levava a paz aos lares perturbados. E despertava aqueles que estavam prontos para viver essa realidade.
                Eu e Heloísa dançávamos porque nós éramos e ainda somos a dança que faz desabrochar todas as flores de luz do universo. Nós somos a luz que há em você!

Muita luz e paz a todos!
Lígia G. V.

domingo, 29 de janeiro de 2012

A Luz que há em você


                                                             Ilustração de Josephine Wall

                Houve um tempo em que a magia era sentida nos corações mais nobres e sinceros que existiam na humanidade. Não falo sobre aquela magia que destrói pessoas e traz as trevas para aqueles que também têm luz, mas sim aquela que dá cor a vida e aroma as flores que nascem no esplendor da primavera.  Aquela que faz brilhar os olhos de uma criança e tira da escuridão o mais pobre espírito.
                Eu vivi neste tempo e pude experimentar diversas coisas que me trouxeram grande felicidade. A felicidade plena, posso assim dizer. Eu nunca tive muito poder, apesar de na época ser um jovem rapaz vindo de uma família rica. O poder nunca me interessou e talvez por isso a magia nunca tenha me consumido ao longo dos anos. Eu e Heloísa, minha amada Heloísa, transformamos a magia e trouxemos luz a um mundo que sucumbia aos poucos, mergulhado em egoísmo.
                Eu vivia rodeado de luxo e bens materiais. As pessoas me davam presentes caros para que eu continuasse a ter uma vida de nobreza, mas aquilo não me importava. É claro que o dinheiro tinha um papel importante na vida de um homem, ele trazia muitas coisas, e quando você adoecia tê-lo era uma garantia de que você poderia sair  vivo daquela situação. Mas eu gostava das coisas simples, eu gostava do amor. O amor incondicional. E isso fez com que eu visse a vida de outra forma.
                Conheci Heloísa quando eu tinha cerca de 20 anos e ela 19. Seus cabelos negros e cacheados caiam sobre seu rosto meigo e seus olhos verdes brilhavam da forma mais pura possível. Ela sorria e dançava. O sorriso mais sincero e amoroso que cheguei a ver em minha passagem pela Terra. E a sua dança... ah... a sua dança era luz! Enquanto ela se movia no meio da neve e eu a observava pude ver que a sua volta rosas surgiam entre as plantas nuas de inverno. Eu me perguntei inúmeras vezes como elas poderiam surgir em meio a tanto frio. Depois de algum tempo eu entendi que aquilo era magia. Heloísa trazia flores ao mundo na época em que todos nos recolhíamos. Trazia cor ao mundo frio.
                E enquanto eu compreendia o que acontecia e começava a ficar maravilhado com a situação eu me dei conta de que ela não estava mais lá e assustado eu me virei para procura-la. Assim encontrei-a olhando para mim.

Lígia G. V.
Continua...